O poder da validação

"Os conselhos dados com dureza não produzem efeito; são como os martelos, sempre repelidos pela bigorna." (Helvétius)


O PODER DA VALIDAÇÃO
Stephen Kanitz
www.kanitz.com.br
Artigo publicado na Revista Veja, edição 1705, ano 34, nº 24, 20/06/2001, p.22

Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os super-confiantes simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho.
Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran treme nas bases nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça que já tenha sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira reação do público, é que o ator se relaxa e parte tranqüilo para o resto do espetáculo. Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada novo artigo que escrevo, e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.
Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros. Trabalharíamos menos, curtiríamos mais a vida, levaríamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir esta insegurança?

Alguns acreditam que estudando mais, ganhando mais, trabalhando mais resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razão: segurança não depende da gente, depende dos outros. Está totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.

Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para os estatísticos o significado seja outro. Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.
Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos, não resolve o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.
Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém. Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a nossa própria insegurança, que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos tão preocupados em mostrar que somos o "máximo", que esquecemos de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.
Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se, ou dominar os outros em busca de poder.
Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si mesmas e crescerão para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".

Você já validou alguém hoje? Então comece já, por mais inseguro que você esteja.

Elogio é coisa de vivos

"Nada mais pode substituir bem escolhidas e oportunas palavras de elogio.
Elas são absolutamente grátis, mas valem uma fortuna."
(Sam Walton, fundador do Wal Mart)



ELOGIO É COISA DE VIVOS
Paulo Angelim
http://www.pauloangelim.com.br

Sinceramente, consumir um artigo inteiro para explicar o poder e a importância do elogio é simplesmente desprezar sua inteligência e sensibilidade. Ainda mais considerando que o desprezo é exatamente a antítese do elogio. Longe de mim isso. Pelo contrário, tenho certeza que você não só é inteligente como sensível (gostou de eu ter dito isso sobre você? – eis o poder do elogio, caro leitor). Estou certo que você já foi alvo de um elogio e sabe muito bem o bem que ele te fez. Você se sentiu valorizado, validado, aceito e muitas vezes motivado a seguir em frente. Até porque, segundo Freud, o mais louco de todos os psiquiatras (desculpe, mas isso também é um elogio), “nós temos defesas para todo e qualquer ataque, mas somos indefesos ao elogio”. É isso mesmo, normalmente o elogiado fica envergonhado, enrubescido, no popular, sem jeito.

O elogio, sendo sincero, e oportuno, tende a aumentar o desempenho do colaborador, pois o faz mais crente em seu próprio potencial, dando-lhe liberdade para ir mais longe, ousar mais. Em síntese, o elogio reforça a confiança no colaborador e, por tabela, alimenta positivamente sua auto-estima. Além, disso, e o mais importante, é que o elogio fortalece o elo (ELOgio) e solidifica o relacionamento mútuo entre quem o faz e quem o recebe. E isso é inexorável na construção de times fortes e coesos. Outra coisa: só quem elogia conquista do outro o direito de criticá-lo, de exortá-lo. Se você não consegue enxergar as virtudes de alguém, pela mesma razão não consegue dar validade às suas críticas a ela. Lógico que existe o elogio sarcástico, cheio de ironia, ou ainda o demagógico, falso. Esses são impressionantemente destrutivos. Evite-os. Eles são bumerangues. Voltam para você, e o atingem.

Ora, mas se elogiar é tão bom, tão lucrativo para as relações, para o desempenho e para a empresa, por que se elogia tão pouco? Onde residem as nossas dificuldades de elogiar, de louvar e reconhecer o valor e qualidades de alguém? É aqui que se encerra minha maior preocupação. Abaixo seguem algumas possíveis razões para não se elogiar. Veja se você se encaixa em alguma delas e se corrija, caso não queira ser motivo de críticas corretivas, mas sim, alvo de elogios.

As pessoas não reconhecem nem expressam as qualidades do outro, ou seja, não elogiam...

a) por medo de que isso signifique reconhecê-lo como melhor que elas;
b) por medo que isso fortaleça muito o outro e comprometa sua autoridade sobre ele (no caso, se o outro for um liderado);
c) por orgulho próprio, egoísmo e vaidade, uma vez que acham que são melhores em tudo;
d) por vingança, uma vez que nunca foram elogiadas;
e) por falta de discernimento e humildade em distinguir as qualidades do outro;
f) por serem negligentes ou por ignorarem a necessidade da construção de relacionamentos fortes;
g) por terem visão estreita do mundo, achando que somente elas são capazes de fazer as coisas bem-feitas;
h) por timidez;

Há ainda um aspecto engraçado sobre a etimologia da palavra elogio. Ela vem da expressão latina elogium. Pasmem, mas o significado de elogium é epitáfio, inscrição tumular. Isso mesmo, estou falando daquela lápide que normalmente traz declarações positivas e abonadoras do morto. Isso era chamado um elogium. Talvez esteja aí uma explicação para a dificuldade de se elogiar, uma vez que elogio era coisa que se fazia para morto, e não para vivos. Pois saiba que se você não desenvolver, ainda em vida, a capacidade de elogiar, é provável que o único elogio que receba seja aquele que estará em seu túmulo. E mesmo assim, pode ser falso. Seria cômico, se não fosse trágico.

Compromisso de hoje: Vou elogiar, é tão simples, tão poderoso, porque não fazê-lo.


Eu, você e todos nós

"Em vão buscaremos ao longe a felicidade, se não a cultivamos dentro de nós mesmos." (Jean-Jacques Rousseau)



EU, VOCÊ E TODOS NÓS
Martha Medeiros

Já aconteceu de dois ou três leitores reclamarem dos filmes que comento aqui, principalmente quando são filmes mais alternativos, menos comerciais. “Puxa, mas o que você viu naquela chatice?” Hoje vou falar sobre um deles, então, se você não gosta de nada meio fora do padrão, nem perca seu tempo, aconselho.

Me refiro a “Eu, você e todos nós”, filme de estréia da artista multimídia Miranda July, que tem seus trabalhos expostos no MoMA e no Museu Guggenheim, em Nova York. Agora ela se aventurou no cinema e, a meu ver, não se deu mal. Fez um filme delicado sobre um tema que sempre cai como um chumbo: a solidão.

O filme mostra fragmentos da vida de algumas pessoas aparentemente com nada em comum: uma videomaker (a própria Miranda July), um vendedor de sapatos recém-separado, um senhor que se apaixona pela primeira vez aos 70 anos, duas adolescentes planejando sua primeira experiência sexual, um menino de 6 anos que entra na internet e se envolve numa correspondência picante com uma mulher, uma menininha com um hábito fora de moda: coleciona peças para seu enxoval.

Em comum, apenas a errância. Ir em frente, ir em busca, ir atrás, ir para onde? Somos obrigados a estar em movimento, mas ninguém nos aponta um caminho seguro.

Eu, você e todos nós estamos à procura de algo que ainda não tenhamos experimentado, algo que a gente supõe que exista e que nos fará mais felizes ou menos infelizes. Eu, você e todos nós tentamos salvar nossas vidas diariamente, e qual a melhor maneira para isso? Trabalhar e amar, creio eu, mas não é fácil. Os que não conseguem realizar-se através do trabalho e do amor, tentam salvar-se das maneiras mais estapafúrdias, alguns até colocando-se em risco, numa atitude tão contraditória que chega a comover: autoflagelo, exposição barata, superação de limites, enfim, os meios que estiverem à disposição para que sejam notados.

Eu, você e todos nós somos crianças das mais diversas idades.
Pedimos pelo amor de Deus que o telefone toque e que a partir deste toque um novo capítulo comece a ser escrito na nossa história. Fingimos que somos seres altamente erotizados e, na hora H, amarelamos. Depositamos todas as nossas fichas amorosas em pessoas que não conhecemos senão virtualmente. Disfarçamos nosso abandono com frases ousadas e sem verdade alguma. O que a gente gostaria de dizer, mesmo, é: me dê sua mão.

Eu, você e todos nós queremos intimidade, mas evitamos contatos muito íntimos.
Não queremos nos machucar, mas usamos sapatos que nos machucam. A gente quer e não quer, o tempo todo. Será que durante uma caminhada de uma esquina a outra, em um único quarteirão, é possível acontecer uma paixão, uma descoberta? Quantos metros precisamos percorrer, quantos dias devemos esperar, em que momento da nossa vida irá se realizar o nosso maior sonho, e uma vez realizado, teremos sensibilidade para identificá-lo? O nosso desejo mais secreto quase sempre é secreto até para nós mesmos.

Somos uma imensa turma, somos uma enorme população, somos uma gigantesca família de solitários, eu, você, todos nós.

Viva para o aprendizado

"Quem não sabe suportar contrariedades nunca terá acesso às coisas grandiosas." (Provérbio Chinês)



VIVA PARA O APRENDIZADO
Roberto Shinyashiki

Quando alguém pára e se questiona sobre os motivos de estar enfrentando um problema, infelizmente, a maioria encontra a resposta do modo errado: culpando o outro. A culpa é do chefe, do companheiro, dos pais, do empregado.

O outro nunca é a resposta para os seus problemas. Se você não aprender com a dificuldade, vai repeti-la ao infinito. Vai trocar de emprego, de companheiro, de empregados, mas, quando perceber, trocou as pessoas e o problema continua o mesmo, e se repete.

As dificuldades são oportunidades de aprendizado, e quando perdemos essa lição a dor se torna inútil.

Para todo problema existe solução. Aliás, essa é uma definição: problema é um acontecimento sempre acompanhado de solução. Quando você não tiver uma solução, será necessário definir qual é o problema.

Você descobre que não tem dinheiro para pagar as contas. Está bem, não ter dinheiro é um problema, principalmente se os credores estão lhe cobrando e os juros aumentando. A solução certamente se inicia pelo corte de gastos, continua com uma negociação com os credores e alguma ação para ganhar mais dinheiro. No final, houve aprendizado nessa situação que parecia ter apenas um lado negativo. Você:
• Aprendeu a gastar de acordo com os seus rendimentos.
• Aprendeu a ser humilde para negociar com os credores.
• Aprendeu a ganhar mais.

A solução sempre existe! E, na maior parte das vezes, a pessoa sabe qual é. O difícil é ter a coragem de realizá-la. Nunca perca a oportunidade de aprender com uma dificuldade. Aprender geralmente é destruir uma visão e construir uma nova perspectiva.
E, principalmente, tenha certeza de que o problema será resolvido. Se você tiver alguma dúvida, pense desta maneira: se morresse agora, qual seria a evolução do problema? Percebeu? Ele será resolvido de alguma maneira.

A única coisa que não funciona é jogar no outro a responsabilidade de suas dificuldades. O ódio bloqueia a criatividade e só piora as coisas. As pessoas que alguém chama de inimigos são os melhores mestres que a vida nos oferta por ajudar-nos a aprender as lições de crescimento. Eles nos mantêm acordados para poder evoluir. Depois que você resolve uma dificuldade, agradece a essa pessoa por ensinar-lhe uma lição.

Por isso, Luís Gasparetto já falou? “Perdoar é descobrir que você não tem razão nenhuma para perdoar; é apenas viver o aprendizado. Isso só acontece quando você aproveita a oportunidade para crescer”.
Se carrega ódio de alguém, pense na lição que você tem a aprender e sua vida será muito melhor.

Em obras. Siga pelo desvio!

"- Como posso saber a melhor maneira de agir na vida? perguntou o discípulo ao mestre.
O mestre pediu que construísse uma mesa. O discípulo cravou os pregos com três golpes precisos. Um prego, porém, estava mais difícil, e o discípulo precisou dar mais um golpe. O quarto golpe enterrou o prego fundo demais, e a madeira foi atingida.
- Sua mão estava acostumada com três marteladas, disse o mestre. Você se acostumou com o que fazia e perdeu a habilidade. Quando qualquer ação passa a ser apenas um hábito, deixa de ter sentido e pode terminar causando dano. Cada ação é uma ação, e só existe um segredo: jamais deixe que o hábito comande seus movimentos." (Paulo Coelho)


EM OBRAS. SIGA PELO DESVIO!
Rosana Braga
www.rosanabraga.com.br

Já reparou quantas vezes deixamos de tomar certas decisões fundamentais para nossas vidas ou de fazer certas escolhas que poderiam modificar completamente o cenário atual baseando-nos em ‘desculpas’?
Isto é, por medo de olhar para nós mesmos e nos questionar que caminho desejamos seguir, compreendendo que cada caminho tem seus prós e seus contras, preferimos viver acomodados na mediocridade.

Cada hora temos um novo problema, um outro obstáculo. Agora não podemos conversar sobre a relação porque o outro anda muito cansado por conta do trabalho. Será mesmo? Ou será que temos medo do que vamos ouvir ou de não conseguirmos falar tudo o que gostaríamos?
Agora não podemos iniciar uma atividade física porque não temos dinheiro. Estamos investindo na educação dos filhos. Será mesmo? Ou será que não queremos arcar com a disciplina que um novo compromisso exige de nós?
Agora não podemos rever nossas escolhas profissionais e arriscar uma nova área porque falta apenas 10 anos para a aposentadoria. Será mesmo? Ou será que temos receio de optar pelo desconhecido e enfrentar novos desafios?

E assim a vida vai passando... De repente, os filhos cresceram, o amor esfriou e perdeu o brilho, o trabalho já não realiza e a tão esperada aposentadoria serve para nos deixar ainda mais enfadonhos e vazios...
E pra não perder o costume, estes então se tornam os nossos novos problemas. “Estou velho demais pra recomeçar”. “Já passou muito tempo; é melhor deixar as coisas como estão”. “Meus netos vão precisar de mim; preciso estar aqui para cuidar deles”.

Mas e você? Cadê você? Quem é você? O que você realmente quer? O que faz o seu coração bater mais forte? Quais são seus mais íntimos desejos? Você justificou-se a vida toda com ‘desculpas’, mas quais são os verdadeiros fatos?
Muitos de nós tem passado ano após ano ‘em obras’; sempre inventando uma nova reforma, sempre quebrando e consertando os mesmos lugares dentro da gente, numa tentativa insana de acreditar que algo vai mudar. Mas nada muda! Continua sempre igual, porque não tem você, não tem seu coração, não tem sua alma.
E quando você descobre que os problemas não existiam, mas que você passou tanto tempo insistindo em inventá-los, já não sabe como voltar para o seu caminho. Perdeu-se.

Sabe o que há de bom nisso? Enfim você descobriu e agora pode se reencontrar, se reinventar, desbravar um novo caminho. Começar uma nova viagem. Fazer novos planos. Entretanto, há uma condição: que você não fique dando voltas, pegando atalhos, desvios ou retornos só para evitar o desconhecido.
Vá em frente, porque ainda que lhe restasse apenas um dia de vida, mas você percebesse que o que ainda não foi vivido está aí para ser experimentado e sentido, tudo seria novo.

Portanto, saiba que, algumas vezes, o novo é realmente assustador, mas que ter medo é humano. Deixar-se paralisar por causa dele é subestimar a sua coragem e o seu potencial.
Cuidado com as obras que tem feito desnecessariamente em seu caminho. Cuidado com as ‘desculpas’ que tem dado para fugir de si mesmo. Dedique a cada um o tempo que for de cada um, sem negligenciar sua vida em nome daquilo que nunca foi e nunca será um fato. Porque o fato é que você precisa descobrir a que veio... para que quando partir, tenha feito diferença!

Pessoas especiais...

"Trate quem você ama como uma pessoa qualquer e ela vai se transformar em uma pessoa qualquer.
Bem longe de você."
(Frase de Irma Knutz - especialista em relacionamentos)


PESSOAS ESPECIAIS
Aldo Novak
http://www.academianovak.com.br

Não retorne as ligações. Não tenha tempo para a outra pessoa. Provoque ciúmes. Deixe o celular ligado durante o jantar. Repita "não posso". Repita "vou ver". Repita "não sei". Não cuide dela. Não note ela. Prometa ligar, e não ligue. Trate melhor seus colegas do que essa pessoa. Valorize mais seus clientes e negócios do que ela. Pronto, você conseguiu! Um dia você vai procurar essa pessoa e ela se foi. Não deixe que isso aconteça.

Há bilhões de pessoas no mundo, mas apenas algumas delas são essenciais em seu coração. Algumas, tornam o Universo especial para você e dão sentido à sua própria vida. Algumas, serão lembradas até seus últimos dias na Terra. Algumas, são importantes para você apenas por estarem aqui, por existirem.

Você não se importa com a roupa que elas vestem, e elas não se importam com a sua. Você é parte essencial do quebra cabeças da vida delas. Essas pessoas, por seu lado, são parte essencial do quebra-cabeças da sua vida. Você não tem interesse na conta bancária delas, e elas não têm interesse na sua.

Você vê através delas, por isso as rugas não importam. O tempo, não importa. Para elas, você é aquilo que existe em seu interior. São poucas - muito poucas -, essas pessoas especiais.

É dificil explicar como alguém se torna essencial na pintura da sua existência, mas você sabe que o tecido que define sua posição no mundo seria incompleto sem essas pessoas. Você pode pensar nelas agora, porque são aquelas que parecem ter marcado encontro com você antes mesmo do nascimento. Ainda que seja apenas uma impressão, é um sentimento que as destaca do mundo.

Talvez sejam filhos, talvez sejam pais. Talvez um amor. Talvez alguém improvável. Se são pessoas muito especiais, e você quer que continuem a ser especiais, trate-as como pessoas muito especiais. Mantenha sua palavra para com elas. Nas menores promessas, dita e não ditas.

Drible o mundo para estar com elas. Nos dias de sol. Nos dias de chuva. Não minta para elas. São parte de você.
O que disser que vai fazer para elas, faça. Faça sempre. Quem você ama, deve ser tratada como sendo alguém que você ama. Não trate essas poucas pessoas como qualquer um. Como diz Irma Knutz "trate quem você ama como uma pessoa qualquer e ela vai se transformar em uma pessoa qualquer. Bem longe de você."

Não acontecerá do dia para a noite. Mas, assim como uma planta vai secando aos poucos, se não receber luz e água, aquilo que torna aquela pessoa parte essencial de sua vida desaparece, se o tratamento, entre você e ela, for o mesmo dado ao resto do planeta.

Você pode ter muitos amigos, mas não estou falando deles. Você sabe exatamente de quem eu falo. Só você sabe. Trate quem você ama como uma pessoa qualquer e ela vai se transformar em uma pessoa qualquer. Bem longe de você.

Onde foi parar sua alegria?

"Nunca é tarde demais para mudar o rumo de sua vida.
Se não mudamos, não crescemos. Se não crescemos, não estamos realmente vivendo.
O crescimento exige uma perda temporária da segurança". (Daniel C. Luz)

ONDE FOI PARAR SUA ALEGRIA?
Izabel Telles
http://somostodosum.ig.com.br

Meu querido amigo,
Ontem naquele almoço de aniversário em que nos reencontramos não gostei nada do que vi. Olhei você de longe e mais parecia uma planta murcha dependurada num vaso cuja terra estava seca e sem vida. Todos riam e brindavam à aniversariante e só você se mantinha mudo e retorcido sobre a cadeira emanando uma energia de abandono, tristeza, medo e encolhimento.
Não pude deixar de sentir um nó no meu peito. Sim, porque não era esta a imagem que havia guardado de você dos nossos tempos de colégio. Lembro-me de vê-lo cercado pela turma, nos intervalos das aulas segurando seu violão contra o peito e tocando de uma forma vigorosa e firme. Todos ficavam um pouco hipnotizados vendo seus dedos correrem ligeirinho pelas cordas, enquanto apertava seus lábios entre os dentes e fechava um pouco os olhos como se estivesse viajando dentro das notas musicais. Onde anda seu violão?
Quantas vezes fui à sua casa e você ainda não tinha chegado da natação e quando abria a porta eu gostava de ver aqueles ombros largos recebendo alguns pingos de água que teimavam ainda em escorrer dos seus cabelos. A endorfina que seu corpo fabricava durante o exercício vinha refletida no seu sorriso largo. E a gente ia pro seu quarto e conversava até altas horas enquanto você dedilhava seu violão e falava ao telefone com seus amigos e amigas que, como você, estudavam pintura com aquele artista mega-talentoso. Sabe que eu morria de inveja de vocês? Onde estão suas telas? Seus desenhos? E a natação?
E sua bicicleta? Ninguém saltava mais alto e fazia curvas em uma roda como você. Lembra as ruas do Morumbi? Você saia disparado por elas e trocava a bique pelo skate e despencava aquelas lombadas sibilando as rodinhas de aço no asfalto já marcado de tanto que a turma passava por aquele caminho. Onde estão sua bicicleta e seu skate?
Outro dia andando na Rua da Consolação vi um cão como o que você tinha. E, naquele momento, veio à minha mente a imagem da gente brincando com ele no sítio do seu pai. Jogávamos uma pinha e ele saia correndo atrás e punha de volta na nossa mão. E quando a gente queria se jogar nas redes do terraço para dormir, ele vinha com a pinha e ficava raspando a pinha no chão pra acordar a gente e sair brincando de novo. Você falava uns palavrões pra ele e ele latia como se fosse sua mãe brava cada vez que você usava uma linguagem menos requintada. Onde está o cão?

Eu também mudei. Sei que todos mudamos. E não foi pouco. Tivemos que ir pro mundo e batalhar o pão de cada dia. Casamos, parimos filhos e a realidade mudou muito. Já não somos mais inocentes. Já não temos mais a casa dos nossos pais ou avós onde o mundo sempre foi (e sempre será) uma ilha de descanso e aconchego. Estamos sós, nus, encarando o mundo frio que está com o pé na nossa cara.
E agora o que fazer? O que fazer, cara?
Dar risada, levar tudo isso com menos seriedade e rigor, olhar com distância e criar o nosso mundo particular. E esse sim, pode ser mais colorido e mais quentinho.
Olha primeiro para você e ergue este corpo caído e sem vida. Olha pros teus filhos e pense no exemplo que está dando a eles. Se nosso mundo não foi exatamente como planejamos, não vamos estragar o projeto do mundo deles com pessimismo e desalento.
Afasta esta nuvem negra que cobre sua vida e deixa o sol entrar de novo no seu coração. Como diz o poema: toma mais sorvete e menos sopa, salta de pára-quedas, anda na chuva, solta pipa, liga pro seu pai e diz a ele que, apesar das diferenças, ele é seu pai; perdoa tua mãe por ela ter te deixado sozinho no berçário depois de você ter morado dentro dela por quase um ano. E constrói a sua vida do jeito que você acha que ela deve ser. Ensina novos valores pros teus filhos, ama profundamente a tua companheira por ela estar ainda do teu lado, agüentar suas crises de mau humor e raiva e muda o lado do disco da tua música emocional. E quer saber de mais uma coisa? Nada é mais importante do que construir uma família sólida, saudável, feliz. Esta é a grande vingança contra o descontrole que assola o mundo!
Conto com sua força nesta escalada rumo à felicidade.
Juro por Deus que nunca mais quero te ver se for para topar com este cara morto/vivo que senta numa cadeira e só levanta para ir embora. Pense imediatamente em voltar a participar da festa!
Conto com isso. E, claro, também com seu violão, sua arte, sua bicicleta e seu cão.
E você pode contar comigo. Também venho de uma genética suicida, triste e infeliz. Mas jurei desde pequeno que daria a volta por cima e que iria mudar o meu padrão familiar. Por isso às vezes as pessoas me acham meio pateta porque não estou nem aí com os filósofos do apocalipse e vou pra praia ver o pôr-do-sol. E ainda me emociono com a desova das tartarugas ou a dança dos golfinhos. E choro quando vejo uma face de Deus na cara de um clarinetista que toca nalguma orquestra de algum país do mundo que aposta forte na arte como forma de redenção.
Hoje em dia tenho aplicado meu tempo em criar alguns exercícios para fazer com a imaginação. Vou deixar um aqui se você quiser experimentar. Mas, se fizer, faça por, no mínimo, três meses ao acordar e antes de deitar.
E fica bem. Na alegria e na certeza de que a oração também tem poder de trazer luz e paz às nossas vidas. Portanto, acredite ou não, rezar ajuda muito. Crie suas orações e lembre-se do velhíssimo ditado: mente sã em corpo são. Portanto, malha seu corpo até sentir que ele está integrado à sua mente.
E chama seu Grande Espírito para acender o pavio desta vela que é a vida de cada um.


Cara, a gente nasceu para brilhar!

E aqui vai o exercício:

Saindo da nuvem negra

Sente como se fosse trabalhar. Respire como se fosse relaxar e feche os olhos para imaginar. E imagine que você está dentro de uma nuvem negra. E aceite esta imagem como a expressão do seu mau humor, revolta, pessimismo, tristeza e desesperança. Respire uma vez e dê cinco passos à frente e veja esta nuvem mudando de negra para cinza, de cinza para branco e de branco para luz. Então saia deste lugar como quem sai de uma porta e imagine na sua frente o mundo perfeito que sempre sonhou criar. Crie este mundo, entre neste mundo e sabendo que pensamentos se transformam em realidade, acredite que tudo muda, se você quiser.
Sentindo-se renovado, respire e abra os olhos.

A porta do lado

"Resolva que você não será mais afetado pelos problemas; que não será mais tão sensível; que não será mais vítima de hábitos e humores; resolva que você será livre como um pássaro." (Paramahansa Yogananda, "Self-Realization Magazine")


A PORTA DO LADO
Martha Medeiros

Li uma ótima entrevista dada pelo médico Drauzio Varella à revista Marie Claire, não lembro exatamente em que edição. Disse ele na entrevista que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada. E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida da gente.

É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia.

Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior. Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes. Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença.

O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que audácia contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato. Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente. O mundo versus eles.

Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail, um pedido de desculpas, um deixar barato. Eu ando deixando de graça, pra ser sincera. 24 horas têm sido pouco pra tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorada. Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem, pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia.

Então eu uso a porta do lado e vou tratar do que é importante de fato. Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado.