Pequenos milagres

"A responsabilidade em cuidar de alguém pode ser física, mental e emocionalmente esgotante.
Tenha uma rede de apoio - de amigos ou de outros assistentes - para ouvir, entender, rir, descontrair, aliviar sua mente.
A vitalidade é restaurada com uma escapulida ocasional da realidade diária.
Experimente ir a lanchonete e dividir um sundae de chocolate com alguém especial.
Mesmo que você seja endocrinologista.
E sempre perdoe-se por não ser capaz de fazer tudo ou conseguir o melhor em tudo.
Seja o que for que decida oferecer ao seu doente, será uma dádiva singular e bastará para Deus ajudá-lo. "
(Julie Kuebelbeck e Victoria O'Connor)



PEQUENOS MILAGRES
Fonte(*): Livro "Pequenos Milagres II"
Autores: "Yitta Halberstam & Judith Leventhal"


John Evans* estava de péssimo humor. Pratos sujos lotavam a pia imunda, havia brinquedos espalhados pelo chão da cozinha, pilhas de jornais velhos se amontoavam na mesa de jantar e montes de roupa suja esperavam no sofá da sala. Do quarto das crianças vinha uma cacofonia de berros enlouquecidos e música alta.

- Não agüento isso tudo! - pensou John, frustado e furioso consigo mesmo por não ser capaz de lidar com o caos que tomara conta de sua casa.
- Como é que a Heather lidava tão perfeitamente com a casa e com as crianças? - perguntava-se estupefato. - Ela sempre pareceu ter tudo sob controle.
Heather, sua adorada esposa de dezessete anos, morrera três meses antes de câncer de mama. John ficara arrasado com sua morte, mas não tivera tempo suficiente para ficar de luto. Fora deixado com seis crianças que variavam entre três e quinze anos e só podia pagar uma governanta para trabalhar meio expediente algumas vezes por semana. Ele trabalhava exaustivamente como contador em uma grande empresa, e a época dos impostos estava próxima. Manter sua carga de trabalho e alguma aparência de ordem em casa começava a parecer demais. Ele sentiu que não ia agüentar.
- Vamos brincar de esconde-esconde! - gritaram as duas crianças mais novas, Todd, de três anos, e Tracy, de quatro, enquanto disparavam pela sala de estar, alheios ao pai sentado à escrivaninha.
- Você se esconde primeiro! - ordenou Tracy. - Vou contar... um, dois, três, quatro... lá vou eu!
- Pai... - Jeff, de quinze anos, perambulava pela sala. - Você viu o meu CD do "Carne Assada"?
- Pai - Susie chamava do quarto onde estava fazendo uma dissertação sobre um livro -, pode me ajudar aqui?
- Papai... - Mike, de oito anos, puxou seu braço. - Não estou entendendo o dever de matemática. Pode me explicar?
- Papai! - gritou Tracy enquanto voltava para a sala, carrancuda. - Não consigo encontrar Todd em lugar nenhum. Você o viu?
- Vocês não estão brincando de esconde-esconde? - John disse distraído, esfregando as têmporas, onde uma veia começava a latejar.
- Sim, estamos. Mas onde ele pode estar? Procurei em todos os lugares.
- Continue procurando, querida. Ele provavelmente encontrou um lugar fantástico no qual você não pensou - respondeu John enquanto atendia à porta.
Um mendigo esperava nos degraus.
- Sim? - John resmungou irritado.
- Boa tarde! - o homem disse animado. - A Sra. Evans está?
- A Sra. Evans morreu.
- Oh, meu Deus! - o homem pareceu chocado. - O que aconteceu?... Sinto muito... Que senhora maravilhosa... O que aconteceu?
- Câncer de mama - John rosnou.
- Papai! Papai! - Tracy correu para a porta, puxando a manga de John com insistência. - Eu ainda não consegui encontrar o Todd. Procurei em todos os lugares!
- Querida! - John respondeu com impaciência -, a porta da frente estava trancada quando a abri. Ele não saiu de casa. Está aqui em algum lugar. Ele é pequeno, provavelmente se espremeu em um lugar no qual você não pensaria. Você só tem que procurar mais!
- Ouça - ele disse, virando-se para o mendigo -, sinto muito, mas não posso conversar agora... tenho milhares de coisas para fazer, estou até o pescoço. Tome! - e enfiou dois dólares na mão do mendigo.
- Hã... Sr. Evans... - o mendigo se movia desconfortável. - Perdoe-me por incomodá-lo em um momento tão difícil como este, mas será que o senhor teria alguma coisa para eu comer?
- Você pensa que os dois dólares são para o quê... birita? - perguntou John rudemente.
- Sr. Evans - disse o mendigo, olhando-o com reprovação. - Sua esposa era uma mulher muito especial. Sempre que eu batia à sua porta ela nunca me dava menos de dez dólares. E ela sempre me convidava para fazer uma refeição quente. Eu nunca esquecerei sua bondade. Devo muito a ela.
- Bem, eu não sou minha esposa - John exasperou-se.
- Sr. Evans - o mendigo suplicou. - Não comi o dia todo. Com certeza o senhor tem algo na geladeira que possa me dar?
- Tudo bem, entre - John disse relutante.
Enquanto acompanhava o homem até a sala, ele viu Tracy espiando debaixo do sofá.
- Ainda não conseguiu encontrá-lo, querida? - perguntou.
- Papai... faz tanto tempo... Por que o Todd ainda não saiu do esconderijo?... Estou preocupada.
- Por favor, Sr. Evans... Estou com tanta fome! - interrompeu o mendigo.
- Bem, onde quer que Todd esteja, ele definitivamente merece um prêmio por fazer você procurar tanto tempo por ele, não é? - John disse distraidamente para Tracy, enquanto se dirigia para a cozinha.
Abriu a geladeira e lá dentro, todo encolhido, azul e inconsciente, estava Todd.

- O senhor o encontrou no momento exato - o médico do hospital disse a ele mais tarde, na sala de emergência. - Mais alguns minutos na geladeira e ele com certeza teria morrido. Que sorte tê-lo encontrado em tempo! Nós o reanimamos e ele ficará bem.
- A pessoa que estava com fome naquele momento e o fez abrir a geladeira - o médico riu por cima do ombro enquanto ia embora - salvou a vida de seu filho!

(*) Este livro é uma coletânea de histórias reais acerca de "coincidências" que tocaram, de alguma forma, a vida das pessoas.

Trezentos e sessenta e cinco dias

"Perdão é o perfume que a violeta deixa no pé que a amassou." (Mark Twain)



TREZENTOS E SESSENTA E CINCO DIAS
Rosemarie Giessinger
Fonte: Livro "Histórias para Aquecer o Coração 2";
Autores: Jack Canfield e Mark Victor Hansen


De acordo com meus amigos, sou uma pessoa segura e educada, razoavelmente inteligente, organizada e criativa. Mas, na maior parte de minha vida adulta, por quatorze dias em cada ano, eu me sentia como se não tivesse nenhuma dessas qualidades. E o pior é que isso acontecia quando meus pais - que moravam a dois mil e quinhentos quilômetros de distância durante trezentos e cinqüenta e um dias no ano - vinham me visitar. Em todos os outros dias eu levava minha vida muito bem, como esposa, mãe, executiva e fazendo meu trabalho voluntário. Mas a visita deles era uma verdadeira tortura para mim.

Essa é uma história muito antiga. Como filha mais velha, tinham sido colocadas muitas expectativas de sucesso e responsabilidade sobre mim. E a minha sensação era que, por mais que eu fizesse, nunca correspondia a elas. O fato de ter ido morar longe, com um marido que me amava do jeito que eu era, trouxera uma grande libertação. Mas bastava que meus pais - meu pai sobretudo - se aproximassem para acordar a menininha intimidada que persistia em existir dentro de mim. Eu me sentia ressentida com eles por ainda terem o poder de me fazer sentir insegura e incompetente.

Não era apenas eu que sofria durante as visitas dos meus pais - todos à minha volta sofriam também. Com certeza meu querido marido - estamos casados há trinta anos - sofria comigo. Nas semanas anteriores à visita, eu limpava a casa, infernizava meu marido para consertar tudo o que estivesse quebrado, comprava novas cortinas, travesseiros e lençóis. Planejava refeições finas, enchia o congelador de comida e ficava atrás dos meus filhos para arrumarem os quartos, terem bons modos, falarem em voz baixa. Durante a visita havia sempre uma aura de tensão ao meu redor, como um véu diáfano (talvez fosse mais como um cobertor de lã molhado!). Depois da visita seguiam-se noites de discussões com meu marido. Eu ficava tentando decifrar o que meu pai dissera ou não dissera. E chorava muitas vezes, sentindo-me uma criança rejeitada e exausta. Em trinta anos de casamento houve vários altos e baixos, mas a prova real do amor de Dave era me ajudar a sobreviver a essas visitas!

Um dia, uma amiga me convidou para participar de um grupo de espiritualidade e um mundo novo se abriu para mim. Passei a ler sobre o assunto e a meditar diariamente, e fui adquirindo uma paz interior que nunca conhecera. O tema que mais me atraía era o do perdão. Perdoar, desapegar-se dos ressentimentos, compreender que aqueles que nos fizeram sofrer na maioria das vezes não tinham consciência disso e reproduziam apenas algo de que tinham sido vítimas.

Então papai foi acometido do mal de Parkinson. Em pouco tempo, o homem cheio de vida, inteligente, o deus atlético da minha infância se transformou num velhinho cambaleante, desolado e confuso. Talvez essa sua vulnerabilidade tenha evidenciado os aspectos frágeis de sua personalidade. O fato é que tornou-se muito mais fácil para mim perdoá-lo.

E assim eu fiz. Apenas disse várias vezes em voz alta: "Eu perdôo você, papai." A mágoa foi se dissolvendo e deixando fluir o amor que eu sentia por ele. Consegui ir me livrando das imposições e exigências que já não vinham de meus pais, mas de mim mesma. Tomei posse do meu ser, do meu próprio desejo, dos meus sentimentos, e tudo isso me trouxe muita paz.

Jamais disse explicitamente a meu pai que o havia perdoado, mas isso deve ter ficado claro para ele em algum nível, porque toda a nossa relação se transformou.

No verão anterior à sua morte, papai veio sozinho ficar conosco por duas semanas. Eu o recebi com tranqüilidade, sem os preparativos e a tensão das outras vezes. Senti-o como um amigo com quem foi bom conversar de coração aberto, falando de mim e ouvindo-o contar sua vida. Pela primeira vez em nossas vidas tivemos gestos de carinho um com o outro e ele disse como se sentia à vontade em nossa casa, como era bonito o meu jardim florido. Na hora de se despedir, meu pai me abraçou forte, beijou a minha testa e disse algo que nunca dissera antes: "Minha filha, eu te amo muito".

Meu pai nunca mais voltou à minha casa. Depois que ele morreu, minha mãe mandou fazer um vídeo, com fundo musical e tudo, com as passagens mais gloriosas de sua vida. Levanto os olhos do que estou escrevendo e vejo a fita cassete na prateleira de livros. Jamais assisti ao vídeo. O essencial de minha vida com meu pai se concentrou naquelas duas semanas. As lembranças que quero guardar são de papai na varanda, na cadeira de vime, banhado pelos raios de sol, regando as plantas, brincando, conversando, partilhando a vida conosco - e me amando.

O perdão total e incondicional trouxe conforto para minha alma e me abriu as portas para uma vida que eu não imaginava possível.
Agora, além de ser esposa, mãe, avó e conselheira espiritual, sou uma pessoa inteira trezentos e sessenta e cinco dias no ano.

Quando Deus aparece

"Mestre e discípulo caminham pelos desertos da Arábia. O Mestre aproveita cada momento da viagem para ensinar ao discípulo sobre a fé.
- Confie suas coisas a Deus – dizia. – Porque Ele jamais aban­dona seus filhos.
De noite, ao acamparem, o Mestre pediu que o discípulo amarrasse os cavalos numa rocha próxima. O discípulo foi até a rocha, mas se lembrou do que aprendera durante aquela tarde. 'O Mestre deve estar me testan­do. Na verdade, devo confiar os cavalos a Deus'. E deixou os cavalos soltos. De manhã, descobriu que os animais que haviam fugido. Revoltado, procurou o Mestre.
- O senhor não entende nada sobre Deus! Ontem aprendi que devia confiar cegamente na Providência, entreguei a Ele a guarda dos cavalos, e os animais desapareceram!
- Deus queria cuidar dos cavalos - respondeu o Mestre. - Mas, naquele momento, Ele precisava de suas mãos para amarrá-los, e você não as emprestou." (Paulo Coelho)


QUANDO DEUS APARECE
Martha Medeiros

Tenho amigas de fé. Muitas. Uma delas, que é como uma irmã, me escreveu um e-mail me contando a maravilha que foi o recital do pianista Nelson Freire no Theatro São Pedro, recentemente. Ela escreveu: Nessas horas Deus aparece.
Fiquei com essa frase retumbando na minha cabeça. Deus não está em promoção, se exibindo por aí. Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. Eu não sou uma católica praticante e ritualística - não vou à missa. Mas valorizo essas aparições como se fosse a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego à alma.

Quando Deus aparece pra você?

Pra mim, ele aparece sempre através da música, e nem precisa ser um Nelson Freire. Pode ser uma música popular, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a música me transcende.

Deus me aparece nos livros, em parágrafos em que não acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um ser mais que humano.

Deus me aparece - muito! - quando estou em frente ao mar. Tivemos um papo longo, cerca de um mês atrás, quando havia somente as ondas entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus, se ele tivesse uma.

Deus me aparece - e não considere isso uma heresia - na hora do sexo, desde que feito com quem se ama. É completamente diferente do sexo casual, do sexo como válvula de escape. Diferente, preste atenção. Não quer dizer que qualquer sexo não seja bom.

Nesse exato instante em que escrevo, estou escutando My Sweet Lord cantado não pelo George Harrison (que Deus o tenha), mas por Billy Preston (que Deus o tenha também) e posso assegurar: a letra é um animado bate-papo com Ele, ritmado pelo rock’n’roll. Aleluia.

Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer. Quando uma amiga me liga de um país distante e demonstra estar mais perto do que o vizinho do andar de cima. Deus aparece no sorriso do meu sobrinho e no abraço espontâneo das minhas filhas. E nas preocupações da minha mãe, que mãe é sempre um atestado da presença desse cara.

E quando eu o chamo de cara e ele não se aborrece, aí tenho certeza de que ele está mesmo comigo.

Aprimoramento interno

"Podemos buscar a felicidade sem termos de buscar a alegria permanente”. (Dr. Py)


APRIMORAMENTO INTERNO
Fonte: http://bonsfluidos.abril.com.br/livre/edicoes/0136/felicidade-100-por-cento-natural-04.shtml

Tempos difíceis. Sensação de impotência. Desânimos. Quem nunca vivenciou essa trilogia? Segundo o médico indiano Deepak Chopra, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis, sempre há algo a ser feito. Se não fora, certamente, dentro de nós. Essa é a tese defendida no livro The Ultimate Happiness Prescription: 7 Keys to Joy and Enlightenment (ainda sem tradução em português). A seguir, resumimos os sete princípios apresentados pelo autor. Siga essa trilha e veja que pontos você pode melhorar para ser mais feliz.

1) Esteja atenta a seu corpo
Seu corpo e o Universo são um único campo de energia, informação e consciência. Ao escutar seu organismo e atendêlo com atenção, você adentra o campo das infinitas possibilidades, onde naturalmente irá achar paz, harmonia e alegria.

2) Encontre a verdadeira autoestima
Querer bem a si mesma não é igual a lapidar sua autoimagem. O verdadeiro eu está além das aparências. Reside num nível de existência que independe das opiniões dos outros, boas ou más. Quando você se alinha a essa fonte, encontra um tipo de felicidade que ninguém pode tirar de você.

3) Desintoxique sua vida
Emoções, hábitos, relacionamentos e substâncias de natureza tóxica contaminam o corpo e a mente. Para desintoxicar sua vida, você precisa aprender a reverter a cadeia de condicionamento. Primeiro, se responsabilizando por suas atitudes. Depois, reconhecendo e liberando seus sentimentos para que possa seguir adiante.

4) Desista de estar sempre certa
Todos os relacionamentos se deterioram por causa do confronto entre certo e errado. Desistir da necessidade de estar certa não significa abrir mão de seus pontos de vista. Apenas aderir ao estado de não defesa, onde não existe mais o que ser atacado ou defendido. Lembre-se: somos todos uma única consciência.

5) Concentre-se no presente
O momento presente é o único tempo que é eterno. Jamais morre, nem deve ser esquecido. Por isso, no aqui e agora, a felicidade não pode ser retirada de você. Estando inteira, você experimenta a suspensão do tempo. Esse é o portal que leva você ao encontro do seu verdadeiro eu.

6) Reconheça o mundo em você
O mundo interno e o externo se espelham. Portanto, se sua consciência vibra na frequência do amor, esse sentimento estará tanto dentro quanto fora de você. Assim, um fluxo de felicidade e abundância se manifestará quando tiver alcançado o nível mais profundo de si mesma.

7) Viva pela iluminação
Este é o mais consciente estado da existência e também o mais natural, porque é de onde você se originou. Um lugar de amor, paz e alegria profundos. Quando a ele retornar, irá experimentar a unicidade com Deus. Nesse momento, perceberá que seu desejo por felicidade era apenas o começo. Seu anseio mais profundo era pela liberdade que vem da consciência plena.