Não coloque adubo em seus problemas

"Não é a montanha que nos faz desanimar, mas a pedrinha que trazemos no sapato". (Anônimo)

NÃO COLOQUE ADUBO EM SEUS PROBLEMAS
Roberto Shinyashiki
http://www.shinyashiki.com.br/

Se você observar, vai perceber que boa parte dos seus problemas continua vida afora, apesar de você se esforçar para resolvê-los. A maior parte das pessoas conhece a causa deles, sabe como resolvê-los, e, no entanto, eles persistem.

Pergunta: você não está cuidando deles como se fossem as flores mais belas do seu jardim?

Aqui estão algumas das maneiras como as pessoas “cuidam” de seus problemas: sabotagens, trapaças e escudos fazem parte de um sistema derrotista, que acaba levando o indivíduo a manter um problema vida afora.

Qual é a diferença entre eles?

O escudo é algo ou alguém que a pessoa coloca entre si e a situação evitada para manter um problema. Por exemplo: uma pessoa com dificuldades de se relacionar afetivamente pode dar como desculpas o filho, o trabalho, a prova do dia seguinte etc. para não sair com alguém.

A trapaça é uma conduta estimulada pelo grupo social, mas que mantém a pessoa dentro de um esquema de vida prejudicial. Por exemplo: uma pessoa que trabalha quinze horas por dia, sete dias na semana, freqüentemente recebe carícias por ser trabalhadora, enquanto suas relações familiares vão afundando.

A sabotagem são as condutas que a pessoa ou o grupo sabe que vão levá-la ao fracasso. Condutas típicas de sabotagem são adiar, esquecer, negligenciar etc.

Pense em um problema seu e veja se você está usando alguém como escudo e quais são suas trapaças e sabotagens. Um problema que persiste é geralmente uma maneira de evitar intimidade, desfrutar, ter êxito e/ou autonomia (e dessa forma tornar-se um vencedor).Essas são as fontes para obtermos a plenitude da nossa existência.

A intimidade é a capacidade de compartilhar com os outros as emoções autênticas.

O desfrutar é aquela sensação de estar aproveitando cada momento da vida.

O êxito é a capacidade de alcançar os objetivos.

E a autonomia é a capacidade de auto-realização, é saber dirigir a própria vida!

Outras vezes, os problemas persistem porque as pessoas não acreditam no direito de serem felizes plenamente. Então, seus problemas funcionam como penitência ou castigo. Aquela briga nas férias depois de dez anos sem férias... ou a dor de cabeça no momento de amor.

Em outros casos, uma pessoa tem um problema como uma maldição menor. Por exemplo, uma mulher que não tem orgasmo pode ter uma crença mágica: que, enquanto não o tiver, nada de ruim vai acontecer com seus filhos! Por isso ela prefere continuar sem orgasmo para que a grande maldição não se realize!

É importante ter consciência do seu direito de conseguir a felicidade plena. Não é preciso viver de partes da felicidade — ela pode ser integral!

"Comemora o Natal do Cristo, repartindo amor e esperança, trabalho e fraternidade com as demais criaturas, confirmando, dessa forma, que Ele já nasceu em ti, e age com elevação que O caracterizou quando aqui esteve no passado." (Joanna de Ângelis)

Se você quer, você pode!

"Muitos dos fracassos desta vida estão concentrados nas pessoas que
desistiram por não saberem que estavam muito perto da linha de chegada". (Thomas Alva Edison)



SE VOCÊ QUER, VOCÊ PODE!
Mon Liu

O Universo conspira a seu favor... Você é uma pessoa especial, cheia de luz! A felicidade é um estado de espírito, depende só de você... Saia da passividade, diga sim para a Vida! Eu quero, eu consigo, eu posso...

Vibre amor, irradie energia positiva, atraia bons fluidos! Faça acontecer... Plante a sementinha hoje, não procrastine... Não invente desculpas, saia do lugar-comum, seja você mesmo! Fale "eu mereço, eu vou, eu faço"...

Mude a trajetória, ande por caminhos desconhecidos, fale com pessoas novas! Saiba que nada é por acaso... Todo dia é uma nova chance de ser feliz, de cura, de autoconhecimento. Reencontrar os amigos. Romper barreiras!

Seja uma eterna criança na alma, aceite mudanças, goste das pessoas como elas são... Ajude o seu amigo a ser feliz! Ame incondicionalmente... Reaja, vá à luta! Realize os seus sonhos, você é capaz! Não desista na primeira dificuldade...

A beleza da Vida está nos segredos de cada dia: o inesperado... Sorria para o mundo e ele retribuirá com generosidade. Confie nas suas qualidades, trabalhe sua auto-estima, pense positivo!

Fixe em seus pontos fortes e melhore as suas carências. Leia bastante, seja atualizado, desenhe muito... Brinque com uma criança, você aprenderá bastante!
Faça sons diferentes, role no chão, olhe a Vida sob um novo ângulo! Trabalhe a sua criatividade...

Cante, ouça música inspirada, aprenda outro idioma! Vá passear, saia de casa!
Respire, tenha amigos . Adote um animal! De noite, fique exausto, mas com a alma feliz. Viva o momento presente!

Apaixone-se, você merece! Medo de se machucar? São experiências positivas para o nosso crescimento espiritual. A Vida é um aprendizado constante...
E Deus escreve certo por linhas tortas... Alegria, !

Vá estudar, assista a um filme, dance na chuva! Dê muitas risadas, abrace muito, seja voluntário. Toque um instrumento musical. Escreva um livro. Pinte sua casa. Plante uma árvore. Compre flores!

Treine meditação, a sua espiritualidade vai agradecer e você terá muitos insights...
Tenha momentos de puro prazer, permita-se aceitar mudanças...
Vibre, pule, comemore a cada avanço, a cada nova conquista!
Chore, sim, mas de puro prazer...
Porque se você quer mesmo, você pode!



"Comemora o Natal do Cristo, repartindo amor e esperança, trabalho e fraternidade com as demais criaturas, confirmando, dessa forma, que Ele já nasceu em ti, e age com elevação que O caracterizou quando aqui esteve no passado." (Joanna de Ângelis)

Sabotando a própria felicidade

"Seja paciente em todas as coisas, mas primeiro, com você mesmo". (São Francisco de Sales)



SABOTANDO A PRÓPRIA FELICIDADE
Rosa Avello (*)

Tenho recebido muitas mensagens de leitores comentando um artigo que escrevi nesta seção, na edição 718, de 10 de agosto. Nele, eu dizia que o amor é privilégio de poucos: aqueles que conseguem se superar enquanto se empenham no crescimento do ser amado. Entre as perguntas que me chegaram, uma foi recorrente: “Tenho alguém que me escolheu para amar e que está empenhado em me fazer crescer, mas, mesmo assim, continuo infeliz. Por quê?”

Para responder, devo esclarecer alguns pontos. O filhote humano é o menos preparado para adaptar-se ao mundo. Um cãozinho de 2 meses sobrevive sem a mãe, caso seja abandonado. Um bebê humano morre nas mesmas condições. Por isso, os adultos humanos instruem suas crias com regras de sobrevivência, lhes transmitem ensinamentos sobre o mundo e sobre como é preciso ser/fazer para “se dar bem” nele. Assim, ao longo da vida, vamos compondo uma espécie de “manual de funcionamento de mundo”, que usamos na hora de fazer escolhas.

O problema é que esse manual é quase todo inconsciente. A gente esquece por que age de determinada maneira frente aos acontecimentos. Achamos, simplesmente, que “é assim que as coisas são”. Por exemplo: na hora de comer, nem pensamos em não usar talheres. Certamente os adultos lançaram mão de mensagens punitivas para nos ensinar esse hábito, mas, uma vez adultos, não o adotamos por medo de punição, mas apenas porque “sabemos” que é o melhor para nós. É claro que se trata de um exemplo grosseiro. O fato, porém, é que algumas vezes o que pensamos ser “o melhor para nós” pode já não ser tão bom assim. O mundo muda à nossa volta, mas nosso manual não. Ele está no inconsciente e exige muito esforço para ser acessado e atualizado. Então, nossas escolhas afetivas resultam de regras defasadas e cujas mensagens são sempre no sentido de nos preservar. Resultado: nas relações, quase sempre pensamos mais em nós do que no outro. Se fizermos uma análise profunda, poderemos constatar desejos egoístas ocultos até em nossas ações pretensamente altruístas.

Por isso, amar não é simples. Ao buscar a evolução da outra pessoa, precisamos colocar em cheque o nosso manual, atualizá-lo o tempo todo. Isso requer esforço máximo e prova o nosso grau de amadurecimento. Impelidos a ajudar a quem amamos, nos mobilizamos para fazer coisas que vão além de nossos limites. Mudamos e crescemos em conseqüência de amar. Se uma pessoa é infeliz com aquela que a escolheu para amar é porque não consegue se entregar. Talvez seu manual tenha uma regra que diz: “você será feliz se contar apenas consigo mesmo”. A resistência na entrega visa “provar” que o manual está certo. A pessoa fica na relação, mas querendo sair dela, sua vida torna-se um inferno e tal situação confirma o manual, levando à comodidade de não precisar mudá-lo.

Nesse caso, um ato de amor seria permanecer na relação, mas empenhado em entregar-se, tornar-se íntimo e cúmplice. O rompimento, ainda que soe como alternativa para proteger outro, seria uma ação em benefício da própria paz, mesmo que ilusória. Atos de amor não contemplam mensagens egoístas como esta. Eles têm o outro como alvo. São transformadores na medida em que exigem a evolução de quem os manifesta e de quem os recebe. Quando ambos são capazes dessa entrega, um encontro humano singular e grandioso acontece. Infelizmente isso é muito, muito raro.

(*) Rosa Avello é psicoterapeuta e psicodramatista com especialização em sexualidade humana pelo Instituto Sedes Sapientiae, na capital paulista. Site: rosavello.com.br E-mail: rosa@rosavello.com.br.

Ainda há tanto

"Onde estiveres, não percas a oportunidade de semear o bem...
Se a conversa gira em torno de uma pessoa, destaca-lhe as virtudes, recordando que todos ainda nos encontramos muito longe da perfeição.
Se o assunto descamba para comentários maliciosos, à cerca de certos acontecimentos, procura, discretamente, imprimir um novo rumo ao diálogo, sem te julgares superior a quem quer que seja.
Onde estiveres, não permitas que o mal conte com o teu apoio para se propagar...
Se muitos falam em tom de pessimismo sobre os problemas que afligem a Humanidade, demonstra a tua confiança no futuro, recordando aos interlocutores que nada acontece sem a permissão de Deus.
Se outros se transformam em profetas da descrença, quais se fossem eles mesmo os únicos a se salvarem do naufrágio dos valores morais em que o homem se debate neste ocaso de milênio, trabalha com todas as tuas forças na construção de um mundo melhor, porquanto um só exemplo tem mais poder de persuasão sobre as almas do que um milhão de palavras.
Onde estiveres, não te esqueças de que o bem necessita de ti como instrumento para manifestar-se e não cruzes os braços, como se nada tivesses a ver com o que acontece ao teu redor."
( ANDRÉ LUIZ - Do livro "CONFIA E SERVE", Francisco Cândido Xavier, Carlos A. Baccelli)


AINDA HÁ TANTO...
Paulo Roberto Gaefke
www.meuanjo.com.br

Ainda há tanto que fazer...
na minha vida há decisões que devo tomar,
na minha família, atitudes que pedem reflexão,
no meu trabalho, pessoas que pedem paciência,
pelas ruas pessoas que pedem compaixão.

E se me perco em meio as lamentações,
se me entrego as reclamações da alma queixosa,
paro e reflito, ainda há tanto o que fazer.

No amor, por vezes sinto a ausência,
por tantas vezes a solidão bate a porta,
decepções e amarguras me fazem parar,
um desejo de largar tudo e me fechar.

Se não entendo quem eu amo,
se espero mais do que podem me dar,
é minha alma carente que grita,
é um desejo infantil de amor eterno.

Paro e reflito, ainda há tanto que amar.
No dia a dia, sinto o cansaço chegar,
o nervosismo me ataca, quero brigar.
As pessoas parecem não me ouvir,
falo e repito a mesma coisa, e por vezes,
entre o desespero de querer acertar,
e a intenção de ser o melhor, eu me perco.

Sou alguém que não conheço,
faço coisas que até me espantam, sinto medo.
E se tento me esconder do mundo,
paro e reflito, ainda há tanto que aprender.

Refletir, aprender, fazer e amar,
eu me concentro nas possibilidades,
eu me agarro na esperança,
sou adulto, mas gostaria mesmo é de ser criança,
o mundo me aflige, sinto que não vou conseguir,
mas há algo em mim que grita e diz,
que ainda há tanto que ser feliz.

Acredite em você!

Confie em tudo que acontecer

"Muitos problemas que surgem no caminho das criaturas, são atrasos que parecem ser despropositados, negativos, indesejados, mas que, no seu silêncio, estão protegendo o espírito de quedas mais graves e dolorosas, ou lapidando-o para torná-lo monumental."
(Autoria Desconhecida)


CONFIE EM TUDO QUE ACONTECER
Roberto Shinyashiki
do livro "Tudo ou Nada"

Eu acredito que existe um Deus que cuida bem de nós e sabe o que faz. Eu acredito que a lógica de Deus é superior à minha capacidade de compreensão. Eu acredito que Deus nunca erra, embora, às vezes, eu não seja capaz de entender a razão de meu sofrimento.
Tudo o que acontece com a gente tem um propósito, tem um porquê. Basta olhar para trás, percorrendo nossa trajetória, para perceber quanto as experiências do passado – as dolorosas e as felizes – foram importantes para que chegássemos aonde estamos hoje.

Pessoas que tiveram doenças graves, um câncer, por exemplo, e precisaram fazer tratamentos dolorosos, como quimioterapia, normalmente passam a enxergar a vida de forma diferente depois que todo o sofrimento cessa. Percebem então quanto essa experiência difícil foi importante para que aprendessem muitas coisas sobre a vida que ainda não sabiam.

As jornadas mais complicadas sempre são aquelas que nos trazem mais sabedoria. Como nas histórias dos heróis de todos os tempos, há sempre o momento de enfrentar o grande desafio, de encarar a caverna mais profunda de toda a jornada. É nesse instante que o herói deve provar que tem força para seguir em frente.

O jornalista Mario Rosa mostra, em seu livro A Síndrome de Aquiles (Gente, 2001), uma imagem muito bonita do significado dos incêndios em nossa vida:
“Quem já foi a um parque como o Yosemite, na Califórnia, teve o raro privilégio de ver de perto o maior monumento vivo do reino vegetal: as legendárias sequóias. Essas árvores alcançam alturas impressionantes e chegam a viver até 4 mil anos. É quando se está diante de um portento tão poderoso como uma sequóia, vendo-a viva, tocando essa testemunha da História de nosso planeta, que quarenta séculos de vida deixam de ser apenas um número e passam a evocar uma forte emoção e algumas reflexões.
Uma sequóia já estava naquele mesmo lugar há 2 mil anos, quando Jesus nasceu. Quando a civilização egípcia estava terminando a construção da Grande Pirâmide de Gizé, as sequóias que hoje vemos vivas e pujantes já haviam brotado da terra.
Se compararmos a duração da vida de uma sequóia com a de um ser humano, descobriremos que cinco anos dessa árvore representam em relação ao todo de sua existência o mesmo que um mês significa para um ser humano. Assim, a explosão nuclear que devastou Hiroshima e Nagasaki e pôs fim à Segunda Guerra Mundial, vista sob a perspectiva da vida de uma sequóia, ocorreu não faz um ano. O fim da Guerra do Vietnã se deu no semestre passado. E a morte de Lady Di, há dois fins de semana.
Intrigados com tanta força e resistência, os cientistas, com o passar do tempo, foram descobrindo os fatores que fazem com que as sequóias sejam esse fenômeno de sobrevivência. Um dos segredos da vida de uma sequóia é o fato de que, por ser tão alta, atrai raios durante as tempestades. São justamente os raios que provocam incêndios que, por sua vez, destroem os galhos mais pesados da árvore, possibilitando-lhe que concentre sua seiva nos galhos realmente indispensáveis.
Em sua vida, raios, tempestades e incêndios são crises que, em vez de destruição, permitem purificação. Fazem com que ela não desperdice seiva, concentrando-se nos ramos essenciais. Isso permite que continue crescendo. E sobrevivendo”.

Tal como as sequóias, nós somos seres com poderes infinitos, precisamos apenas que alguns raios nos ataquem para conhecermos nossa força.
Muitas vezes a dor parecerá insuportável, as perdas, insuperáveis, os obstáculos, intransponíveis.
Mas, com fé e determinação, descobriremos que somos maiores que tudo isso e,
no final,
celebraremos nossas vitórias.

Solte a criança que há em você

"Confidências não são fáceis de receber, nem de expor. É preciso abordá-las com sabedoria, dosando o quanto se colocar e o quanto manter esses assuntos no coração. E como na vida não tem muita regra, é preciso testar, amar as pessoas e correr riscos. Quem se poupa demais deixa de viver, de aprender e crescer.
Os Mestres ensinam que está no tempo de crescermos emocionalmente. Segundo eles, desenvolvemos nosso aprendizado intelectual, mas no aspecto emocional, muitos de nós ainda se comportam como crianças sofrendo sozinhos com medo do escuro dos sentimentos." ( Maria Silvia Orlovas)


SOLTE A CRIANÇA QUE HÁ EM VOCÊ
Vera Ghimmel
http://somostodosum.ig.com.br

Somos conduzidos a acreditar que a nossa infância foi uma fase que ficou para trás. Ouvimos a todo instante que não podemos mais agir como criança. Carregamos a idéia que somos agora adultos e que não nos cabem mais certas atitudes. Com isso, engessamos o nosso emocional infantil no passado como se ele fosse algo impróprio.

Mas é aí que começam os problemas. Nossa criança ainda está conosco. É ela que se relaciona com a parte emocional das nossas relações como a educação dos filhos, convivência com os(as) companheiros(as), e tantas outras interações do nosso cotidiano.

Uma criança bem resolvida é um adulto equilibrado. E para ilustrar melhor, tomo como exemplo um atendimento em que um homem que exercia chefia num jornal, não se continha quando alguém deixava de comparecer às suas festas, principalmente a dos seus filhos. Agredia verbalmente o “faltoso” sem entender bem porquê.
Veio me procurar quando viu a iminente possibilidade de sair no braço com um grande amigo e colega que faltara à festa de seu filho, sem dar nenhuma satisfação. Ficou assustado com o ódio que lhe acometera diante daquele que nunca havia lhe feito nada de ruim.

Quando começamos a sessão, identifiquei, em seu campo energético, o registro de uma criança, de cerca de 2 anos, deprimida porque alguém tinha ido embora. Ele me relatou que sua mãe teria saído de casa, sem dar nenhuma satisfação e voltara há pouco tempo (cerca de 40 anos depois), batendo em sua porta, como se nada tivesse acontecido, com um discurso de “vim para conhecer os meus netos”.
Ele a recebeu perplexo e, como todo “adulto equilibrado e maduro”, deixou-a participar de sua vida. Mas a criança que habitava nesse homem não havia expressado a sua real tristeza, decepção e raiva pelo abandono e como não é “educado ou correto brigar com a mãe” ele descarregava a sua ira em cima de seus colegas e amigos que ousavam desaparecer sem dar satisfação.
Tão logo canalizei a imagem internalizada de sua mãe com o ar “blasé” de quem nada tinha a dizer, sua revolta e ódio se exteriorizaram. Nem preciso dizer que se não tenho um “santo forte”, quase apanhava. Era preciso expressar toda a sua tristeza, indignação e rejeição para que parasse de fazê-lo em situações outras.

Precisamos compreender que quando temos algo mal resolvido em infância, isso não ficará inerte em nossos arquivos. A vida tratará de atrair situações para que essa criança interior seja acordada e provocada. Na própria educação dos filhos, vemos eles repetirem as mesmas coisas que fazíamos quando criança. Essa é a prova de que passamos esse emocional infantil quando os educamos.

Quando reagimos com exagero diante de uma situação ou nos omitimos diante de responsabilidades, pode procurar que vai encontrar a sua criança interior com as mesmas reações. Ela precisa ser acolhida e se sentir amada e somente você pode fazer isso. Uma criança que foi castrada em sua espontaneidade, certamente será um adulto tímido, com medo de se expor, de se envolver afetivamente, insegura com seus próprios potenciais. O adulto é quem racionaliza, mas é a nossa criança que sofre.

Soltar a criança não significa sair por aí fazendo bobagens ou cometendo irresponsabilidades. Quando canalizo a criança do paciente e ele vê como verdadeiramente ela se encontra, é naquele momento que se tem a oportunidade de reeducá-la, ampará-la e lhe dar tudo aquilo que lhe faltou, resgatando a sua dignidade, sua emoção, sua alegria, sua auto-estima, sua criatividade e acima de tudo sua conexão natural com Deus. Uma criança bem reprogramada, certamente será um adulto feliz!

A arte de não adoecer

"Os obstáculos vem e continuarão a vir. Esta é a tarefa deles.
Mas você não deveria considerá-los como sendo obstáculos e sim como exames para torná-lo experiente.
A medida que o aluno avança na escola as provas ficam mais difíceis.
A medida que você se torna mais forte internamente mais obstáculos virão para testá-lo.
Dê boas vindas a eles. Sinta como se eles fossem uma escada para elevá-lo e assim você continuará a progredir ainda mais."
(Om Shanti)


A ARTE DE NÃO ADOECER
Dr. Drauzio Varella

Se não quiser adoecer - "Tome decisão".
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia.
A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões.
A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar,
saber perder vantagem e valores para ganhar outros.
As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Busque soluções".
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas.
Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo.
Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão.
Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe.
Somos o que pensamos.
O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos".
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como:
gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna.
Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer.
Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados.
O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências".
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem,
quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc.,
está acumulando toneladas de peso...
uma estátua de bronze, mas com pés de barro.
Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas.
São pessoas com muito verniz e pouca raiz.
Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "Aceite-se".
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos.
Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável.
Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores.
Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.
Se não quiser adoecer - "Confie".
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona,não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras.
Sem confiança, não há relacionamento.
A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste".
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa.
A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.

"O bom humor nos salva das mãos do doutor".
Alegria é saúde e terapia.

O tempo que foge!


"Não deixe sua vida ficar muito séria. Viva como se estivesse num jogo, saboreie tudo o que conseguir, as derrotas e as vitórias, a força do amanhecer e a poesia do anoitecer." (Roberto Shinyashiki)


O TEMPO QUE FOGE!
Ricardo Gondim

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.
Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos à limpo".
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral (ou síndico) Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: - Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar explicando aos medianos se estou ou não perdendo a fé porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a "última hora"; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente.
Caminhar perto delas nunca será perda de tempo.

Tem certeza de que sabe ler?!

"Produz uma imensa tristeza pensar que a natureza humana fala, enquanto o gênero humano não escuta." (Victor Hugo)

TEM CERTEZA DE QUE SABE LER?!
Rosana Braga
www.rosanabraga.com.br

Toda vez que a gente fala de encontros entre pessoas, independentemente do grau ou do rótulo que se dê a eles, inevitavelmente temos de ressaltar a importância do diálogo. Acontece que nem sempre nos lembramos do verdadeiro significado desta palavra!
Dialogar significa que um fala e o outro ouve e depois um ouve e o outro fala. Definitivamente, não é diálogo quando um só fala e o outro só ouve. Mas, pior do que isso, é quando os dois falam e nenhum dos dois ouve.

Entretanto, infelizmente é o que mais acontece nas relações. Os dois falam, mas nenhum dos dois ouve! Os dois estão abarrotados de suas próprias verdades, atolados de suas próprias convicções e, portanto, indisponíveis para se interessar pelas verdades e pelas convicções do outro.
Argumentam: “eu já sei o que você vai dizer!” ou “eu sei muito bem o que você quis dizer com aquilo”... e pronto – está destruída a chance de qualquer entendimento. Assim, as mais terríveis acusações são feitas, as maiores ofensas são alimentadas e uma lamentável disputa de egos fica a serviço de destruir, subjugar e machucar um ao outro.

Antes de começar uma conversa, especialmente aquelas mais difíceis, para as quais já vamos palpitantes e tensos, deveríamos passar por uma espécie de ‘câmera esvaziadora de crenças, conceitos e, sobretudo, preconceitos’. Somente desta maneira chegaríamos diante do outro com espaço suficiente para deixá-lo ‘entrar’. Ou seja, para de fato ouvirmos o que ele tem a nos dizer.
E aí sim a dinâmica seria harmoniosa: um fala e o outro ouve; um ouve e o outro fala. Alternadamente, atenta e respeitosamente, o objetivo seria cumprido, ainda que muitas outras conversas precisassem acontecer até que se esgotassem todas as dúvidas e mágoas.

Isso sim é desejar o consenso, é querer realmente um entendimento; é saber o verdadeiro significado da chance soberana que nos é dada de nos relacionarmos com as pessoas, seja lá sob qual pretexto for.
O que importa de fato não é o tema discutido nem tampouco a sua opinião. O intuito de se aprender a ler o coração do outro (isto é, ouvir o que ele tem a dizer) vai além de qualquer assunto ou veredicto: apresenta-se como o único caminho que nos conduz à oportunidade de nos tornarmos pessoas melhores.

Por isso, antes de tentarmos impor a nossa verdade ao outro, que tal, por um dia que seja, ficarmos realmente atentos ao que ele tem a nos dizer... realmente ler o seu coração, respeitar os seus sentimentos?
Assim, quem sabe – por mais destoantes que eles sejam dos nossos – talvez possamos amorosa e humanamente acolhê-los, reconhecendo que somos todos aprendizes, moradores de uma mesma dimensão, sob as dores e as delícias de um mesmo Universo...
Por fim, é na capacidade de ponderar, refletir e aceitar o fato de que uma verdade é apenas um ponto de vista que está o real exercício de amor, tão escasso em nossas vidas ultimamente!

Perder a viagem

"Às vezes é bom se deixar conduzir pelos outros e apreciar a paisagem que eles nos revelam." (Estrela Guia)


PERDER A VIAGEM
Martha Medeiros

Você pede ao patrão para sair mais cedo do trabalho, pega um ônibus lotado, vai para um consultório médico que fica no centro da cidade, gasta seus trocados, seu tempo e seu humor, e, ao chegar, esbaforido e atrasado, descobre através da secretária que sua hora, na verdade, está marcada para semana que vem. Sinto muito, você perdeu a viagem.

Todo mundo já passou por uma situação assim, de estar no lugar errado e na hora errada por pura distração. Acontecendo só de vez em quando, tudo bem, vai pra conta dos vacilos comuns a qualquer mortal. O problema é quando você se sente perdendo a viagem todos os dias. Todinhos. É o caso daqueles que ainda não entenderam o que estão fazendo aqui.

Estão perdendo a viagem aqueles que não se comprometem com nada: nem com um ofício, nem com um relacionamento, nem com as próprias opiniões. Estão sempre flanando, flutuando, pousando em sentimento nenhum, brigando por idéia nenhuma, jamais se responsabilizando pelo que fazem, pois nada fazem. Respirar já lhes é tarefa árdua e suficiente. E os dias passam, e eles passam, e nada fica registrado, nada que valha a pena lembrar.

Estão perdendo a viagem aqueles que, em vez de tratarem de viver, ficam patrulhando a existência alheia, decretando o que é certo e errado para os outros, não tolerando formas de vida que não sejam padronizadas, gastando suas bocas com fofocas, seus olhos com voyeurismo, sem dedicar o mesmo empenho e tempo para si mesmo.

Estão perdendo a viagem aqueles preguiçosos que levam semanas até dar um telefonema, que levam meses até concluir a leitura de um livro, que levam anos até decidir procurar um amigo. Pessoas que acham tudo cansativo, que acreditam que tudo pode esperar, que todos lhe perdoarão a ausência e o descaso.

Estão perdendo a viagem aqueles que não sabem de onde vieram nem tentam descobrir. Que não sabem para onde ir e nem tentam encontrar um caminho. Aqueles para quem a televisão pode tranqüilamente substituir as emoções.

Estão perdendo a viagem aqueles que se entregam de mão beijada às garras do tédio.

Promessas matrimoniais

"Em convivência e em amor, o que perdura através do tempo, mesmo que à custa de muita dificuldade e de um precário equilíbrio , revela a existência de uma relação profunda. Tempo nem sempre é acomodação. Muitas vezes é sinal de uma sabedoria intuitiva que autoriza a permanecer com a ligação mesmo quando ela pareça insatisfatória e incompleta. O que consegue vencer o tempo consegue vencer, também, impulsos passageiros com sabor de emoção e novidade." (Artur da Távola)


PROMESSAS MATRIMONIAIS
Martha Medeiros

Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre: "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?

Promete saber ser amiga e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?

Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?

Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?

Promete se deixar conhecer?

Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?

Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?

Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?

Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declara-os maduros!

Peças sem reposição

"Eu existo além daquilo que sou. Como todo mundo. Gosto de estar só e às vezes detesto me sentir sozinha. Amo as pessoas de uma maneira geral, gosto de ver rostos, imaginar as histórias que se escondem por detrás das rugas, olhos brilhando ou caras fechadas. Mas não gosto de estar no meio da multidão. Penso muito. Deus do céu, como penso! Devo ter uma maquininha no lugar do cérebro. Porém tenho um coração que se derrete à toa e o sofrimento dos outros me entra na pele. Na adolescência eu cheguei a me dizer que seria missionária. E devo ter seguido o caminho de Jonas, ter entrado no ventre da baleia e não pude fugir ao que o Senhor tinha reservado pra mim. E amo ao meu Deus por isso.
Portanto, junto de toda essa fortaleza que me faz ser quem sou, se algo sou, tem ainda aquela criança que ri do tudo e do nada, que gosta de fazer palhaçada, que gosta de atenção, chora por motivos bobos e outros mais sérios. Eu sou, em resumo, alguém que precisa de outras pessoas, apesar dessa aparência de mulher forte e decidida. Sou assim e me sinto assim muito pequena muitas vezes. Amigos sao essenciais para mim, mesmo se muitas vezes eu me isolo. Essa é minha necessidade e amigos de verdade compreendem. Sou assim..."
(perfil da escritora Leticia Thompson no orkut)


PEÇAS SEM REPOSIÇÃO
Martha Medeiros

Eu não entendo nada de pintura, mas reverencio quem tem o dom, e por isso corri para a exposição Paris 1900 assim que pude. Não é toda hora que se tem a oportunidade de ficar frente a frente com um Toulouse Lautrec, um Renoir, um Cezanne ou com uma escultura de Rodin, mesmo que não sejam suas obras mais importantes. Está tudo lá no Margs, ao alcance dos olhos. Mas não das mãos, pois trata-se de um museu, e exige-se modos: é proibido tocar, é proibido colocar o acervo em risco.

Pois estávamos eu e uma amiga apreciando um belo cálice esculpido por um dos artistas, muito bem protegido dentro de uma caixa de vidro, quando ela me contou que tinha um cálice em casa que ela também tratava como obra de arte. É um cálice que ela ganhou de presente do dono de um restaurante de Frankfurt, onde ela teve um jantar que mudou sua vida. Além de o cálice ser espetacular, tem um valor afetivo imenso, e ela o guarda quase que numa redoma, só falta etiquetar e direcionar um canhão de luz em cima. Outro dia ela se descuidou e viu seu sobrinho, um garotinho estabanado como qualquer outro, pegar o seu santo graal pra tomar água. Ela não enfartou por detalhe. Retirou o cálice da mãozinha dele e o substituiu por um bom copo de plástico colorido. O guri topou a substituição e ela voltou a respirar.

A troco de que todo esse papo? Pra lembrar que tem muita coisa na nossa vida que não tem reposição. Não falo apenas do Iberê que alguns sortudos têm na parede. Falo de pequenos cálices sagrados, que podem nem ser cálices. Na maioria das vezes são gente.

É exagero colocar numa redoma as pessoas que nos são caras, mas exceder-se no descuido é imperdoável. Amigos, principalmente os íntimos, esquecem com muita freqüência de serem gentis uns com os outros. Se a gente for perguntar por qual razão, "ora, porque somos amigos, não precisamos disso". Até que um dia colidem feio, se espatifam, e o carinho, que era para ter sido exercitado e não foi, vai fazer falta na hora de colar tudo de novo.

Pessoas não têm reposição. São obras de arte exclusivas, seguro nenhum compensa a perda. Às vezes, por causa de uma bobagem, uma lasquinha, a gente deixa de lado o que há de mais precioso no mundo: um relacionamento. Não nos damos o trabalho de restaurá-lo, seja por orgulho, presunção ou pela total falta de noção do que realmente é importante nessa vida.

Cálices belos e raros, quadros representativos de uma época, amigos, filhos e amores: únicos. Reproduções não valem nada.

Experiências

"Vergo mas não quebro. Se, diante de qualquer situação difícil,
persistirmos com entusiasmo e paciência, veremos imediatamente que as
tempestades fortes vergam a vontade mas não a quebram."
(R. Stanganelli)


EXPERIÊNCIAS
Iyanla Vanzant
in "A vida vai dar certo para mim"

Tenho fé e não sinto medo porque me disponho a testar o que sei.

As experiências da vida aparecem para nos tornar melhores. No momento em que você pensa que já tem tudo, coisas novas aparecerão em sua vida. Elas empurrarão, testarão e desafiarão você a crescer mais, aprender mais, fazer mais. Quando isso acontece, somos tentados a acreditar que cometemos algo errado ou perdemos algo. É difícil perceber que obtemos coisas boas dos momentos difíceis. No entanto, crescer, aprender, progredir, fortalecer-se são coisas boas que só obtemos nos momentos de desafios, em que somos testados.

A tenacidade fortalece o caráter e constrói a fé. À medida que sua fé cresce, torna-se mais difícil abalá-la. Você tem mais confiança em si, persiste com mais vigor na busca de seus objetivos, não desiste facilmente. Quando a vida nos testa, ela nos dá a oportunidade de avaliar nossas crenças. Você acredita que tem direito de receber o que for para o seu bem? Acredita que tem capacidade para resolver os problemas? Enfrentar os desafios? Superar as crises? Acredita que tem a quantidade de fé necessária para sustentar-se em todos os momentos? Só conseguimos saber tudo isso quando os acontecimentos nos testam. As provas mais difíceis são destinadas aos melhores alunos, porque eles têm capacidade para fazê-las! Talvez, por essa razão, à medida que avançamos e crescemos, os desafios parecem tornar-se maiores.

Até hoje, você pode ter achado que fracassou quando surgiu uma nova dificuldade.
Hoje, seja um bom estudante. Confie em você! Confie no que sabe! Desta vez, faça melhor do que já fez!
Disponha-se a dar os passos necessários para assegurar o desenvolvimento divino do seu ser.

Hoje, eu me dedico a saber que cresço e melhoro cada vez que enfrento um novo desafio em minha vida.

Testemunho

"Se você sentar-se ao pôr do sol
E lembrar as ações que praticou,
E lembrando encontrar
Um ato de desprendimento,
Uma palavra que tranquilizou o coração
Daquele que a ouviu;
Um olhar mais bondoso
Que caiu como um raio de sol onde ele foi
Então você pode considerar
Aquele dia bem vivido."
(George Eliot)


TESTEMUNHO
Lya Luft
in "Pensar é transgredir"

Para dar testemunho de meu tempo não preciso desfraldar uma bandeira partidária ou me enfiar nas trincheiras da guerra, nem as da violência cotidiana: na minha postura há de se refletir o que penso.

Para perseguir meus ideais não preciso me deixar matar: basta procurar a coerência, o que pode ser uma forma de heroísmo silencioso. Porém é bom lembrar que coerência rígida pode ser mediocridade.

Para ser boa filha não preciso me encolher, mentir, me afastar: os pais servem para fazer a gente crescer, eventualmente voar, ainda que seja para longe deles, mas sem que os laços de afeto precisem se romper.

Para ser boa mãe não preciso me vitimizar: a mãe-mártir desperta culpa e causa aflição. Só uma pessoa que se respeita e valoriza pode realmente amar seus filhos, prepará-los para não serem almas subalternas e lhes servir de eventual apoio.

Para ser boa amiga não preciso fingir nem mentir, vigiar nem agradar o tempo todo. Uma amiga verdadeira pode dar colo, abraço, escuta, dividir alegrias e ouvir confidências, mas não precisa bajular nem criticar.

Para ser boa amante não preciso me anular: basta - e já é difícil - ser estimulante e confiável, terna e cúmplice, quando for possível. Carinho não é servilismo nem sujeição.

Para ser inteira não preciso me defender erguendo barreiras à minha volta: às vezes só me fragmentando e dilacerando de amor, dor ou perplexidade, terei chance de juntar meus pedaços e me reconstruir mais inteira.

Para realizar alguma justiça social não preciso me despojar do que possuo, se o que tenho serve para a minha dignidade e não para o desperdício. O melhor é começar em casa, pois se pago miseravelmente a minha empregada, não posso pronunciar sem constrangimento palavras como "justiça" e "dignidade".

Para ser humana não preciso exigir de mim o que seria próprio de deuses, mas prestar atenção nos outros e abrir-lhes espaço, admitir o mistério de tudo, respeitar a vida, tolerar minhas fraquezas, aproveitar meus talentos e procurar o dom da alegria - que é fundamental.

Para viver bem devo eventualmente pensar na morte, não como um susto mas estímulo para ser melhor; para morrer bem devo curtir minha vida de um jeito positivo, não me enxergando como a última nem a primeira das criaturas, mas vivendo de modo que para alguém ao menos eu tenha feito alguma diferença.

Pois alienação é também cultivar a amargura e ignorar que a vida pode ser boa, o amor positivo, o ser humano comovente, e o significado de tudo acessível ao coração e ao sonho.

Se não posso corrigir os males do mundo, da minha reduzida condição pessoal, posso ao menos não colaborar para que ele se torne mais violento, mais mesquinho e mais cruel.

Marque com X

"Ninguém sabe o que há dentro de si,
até ter que colocar para fora."
(Ernest Hemingway)


MARQUE COM X
Ailin Aleixo
http://mulherhonesta.sites.uol.com.br/

O que você precisa ter para ser amado?

Durante muito tempo acreditei que o que me fazia amar um homem era a inteligência. Ficava enfeitiçada com citações, elucubrações e teses. Mas não era. De nada adianta um perito em física nuclear, se ele não rir das pequenas besteiras que faz, se não souber aproveitar um sábado quente simplesmente não fazendo nada (e curtindo o ócio), se virar um psicopata quando alguém o fecha no trânsito. Então saquei: bom humor era o que mais me atraía.

Sempre achei delicioso estar com alguém que não vê o mundo como uma grande e monstruosa boca cheia de dentes prestes a mastigá-lo, que vive sem arrastar correntes, faz de tudo uma possível piada. Só que nem tudo é uma piada e, em certas horas, tudo o que quero é alguém que me escute e diga algo que me conforte a alma. E, nesses momentos, o pior que pode acontecer é ser levada na piada - existe uma grande diferença entre alegria de viver e recusa a sair da infância. Pois é, não era bom humor o que me fazia amar alguém: era, antes, sensibilidade.

Telefonemas de bom-dia, atenção a informações aparentemente banais mas que dizem muito a meu respeito, não ficar azedo e arredio por causa das minhas pequenas (ou grandes) oscilações de humor - tudo o que eu podia querer. Quase tudo. Tenho personalidade forte e só sobrevive ao meu lado um homem que grite comigo quando eu passar dos limites do bom senso, demonstre desagrado quando eu exigir demais e oferecer de menos. Preciso ser cuidada, mas tenho que sentir que quem está comigo é um homem de verdade e não um principezinho criado pela avó. Quero ser domada, tomada. Mais uma vez minha certeza caiu por terra: nem inteligência, bom humor ou sensibilidade eram o que me fazia amar alguém. Era - isso, sim - virilidade.

Mal abrir a porta da sala e ser consumida por beijos. Ter a roupa arrancada no caminho da cozinha, ser jogada na mesa de jantar sem tempo pra pensar no que está acontecendo, só sentir e saber o tesão incontido daquele homem por mim. Ser desejada com urgência e paixão é um dos maiores elogios que uma mulher pode receber, mas só ser desejada de nada adianta, pelo menos não depois da décima trepada monumental: quando acaba o suadouro, o que resta? Se pouco importa o saldo, o que interessa mesmo é a movimentação, então estamos feitos. Mas, se existe a possibilidade de ser esmagada pelo vazio de sentido após o orgasmo, de nada vale. Pelo menos se não vier acompanhada de carinho. Taí: pensei, então, que carinho era a pedra fundamental pra despertar meu amor.

Mas logo descobri que não era. Carinho é um sentimento abrangente demais: nos invade desde a visão de um cachorro abandonado até a palavra confortadora para alguém que pouco nos importa mas a quem também não queremos mal. Não bastava, era muito pouco. Daí constatei que o essencial para que eu amasse alguém era notar no outro a vontade de ficar, o desejo de estar comigo. Constatei coisas demais e fiquei paralisada diante do ideal que havia criado: absurdo e fictício.

Hoje, enfim, aprendi que toda enumeração é uma estupidez e qualquer tipo de formulário emocional, uma passagem sem escalas pra frustração. Claro que gosto de homens cultos, atenciosos, interessantes, divertidos e viris - seria mentira negar. Mas a verdade é que, para que eu ame alguém, basta que eu ame alguém. Porque, quando se precisa justificar o amor, é porque ele não existe. Simples assim.

Surpreeeesa!

"Quando algo começar a te enlouquecer, enfernizar ou surtar, use a técnica dos grandes admiradores de arte: recue diante da tela, mude de ângulo em relação a ela, observe as cores, os traços e os detalhes que, na correria, sempre passam despercebidos. Então notará que ela é muito mais do que aquele ponto preto que ficava, insistente, diante dos seus olhos. Ser feliz, no final das contas, não é questão de sorte ou azar. É questão de perspectiva." (Ailin Aleixo)


SURPREEEESA!
Ailin Aleixo
http://mulherhonesta.sites.uol.com.br/

Por que odiamos tanto quando as coisas não acontecem como o esperado?

Não se explica por que você odeia beterraba ou não consegue ser simpático num primeiro encontro. Explica-se a relação entre o aumento do dólar e a crise da Argentina, mas não por que você ama alguém. Ou odeia, irrita-se, quer estar próximo. E aí você fica perdido. No exato momento em que se percebe inapto para racionalizar, o chão se abre. A boca seca. Seus quatrocentos anos de estudo não servem para nada. Sua mente embaça como espelho de banheiro. Você fica nervoso... E então nota que só aprendeu a lidar com o programado: pagar contas, ganhar dinheiro, jogar bola com os amigos, beber no mesmo bar com as mesmas pessoas no mesmo dia da semana - e encontra no conhecido sua zona de conforto. Na rotina, sua segurança.

"Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação."
Você não se enquadra na descrição? Ah! Adora aventura e planeja viajar pro Camboja de bicicleta? Você planeja... Assim como planeja em qual cargo estará daqui a um ano, a cantada que passará na garçonete gostosa ou qual desculpa dará para não almoçar na casa da sua mãe? Sei. Mas, se por um acaso qualquer você fosse demitido, a garçonete passasse a mão na sua bunda e sua mãe não te convidasse para almoçar, o que aconteceria?
Você ficaria perdido. Desorientado. De repente, estaria jogado num território novo e perceberia que sabe lidar com injeção eletrônica, fibra óptica, computador e avião, mas ignora completamente o que se passa em você. Notaria que dedicou a vida a compreender e explicar o que acontece ao seu lado e ignorou solenemente aquilo que não se coloca numa tabela do Excel, que nenhum gráfico mostra.
Notaria que não prestou a mínima atenção em si porque estava ocupado demais verificando seu extrato. Agora você tem dinheiro na conta e paga terapeuta, massagista, professor de ioga... e continua vagamente triste.

Infelizmente muitos nunca se deparam com um momento de auto-análise forçada: trabalham, bebem, transam e vão ao cinema. São onipotentes deuses de seus pálidos microcosmos, mas morrem carregando a sensação de vazio, a vaga tristeza. Fazem um esforço danado para não se perderem numa paixão, não confiarem demais nos outros, não falarem muito, manterem o controle. E conseguem. Conseguem não viver - comem chocolate e não fecham os olhos para catalisar o sabor do creme se derretendo na língua. Casam-se e compartilham o cotidiano, não a vida. Lêem centenas de livros e não são tocados por nenhum. Passam pela vida. E só.

"Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo?"
Não se explica. Nem é preciso. Basta nos convencermos de que não precisamos inferir intelectualmente cada detalhe da vida - nunca entenderemos por que o olhar de sicrana nos mata ou o andar de beltrana nos dá tesão. E será que precisamos?
"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento." Clarice Lispector não teve uma vida lá muito feliz, por isso se pode aprender tanto com ela. Aprender a não repetir os mesmo erros. E, acima de tudo, aprender que cada um "terá que correr o sagrado risco do acaso. E substituir o destino pela probabilidade", porque o que torna a vida interessante é o fato de não a controlarmos.
Não existe nada mais maravilhoso do que poder ser surpreendido.

Momento exato...

"Não devemos permitir que nossos medos nos impeçam de perseguir nossos sonhos"
(John Fitzgerald Kennedy)


MOMENTO EXATO
Aldo Novak

A NASA sempre explica que suas naves devem ser enviadas ao espaço quando as "janelas de lançamento" estão "abertas". Mas o que são as janelas de lançamento? São os momentos exatos nos quais as órbitas planetárias permitem que o foguete seja lançado do modo certo, na direção certa e consumindo o mínimo de combustível. Em nossa vida, também temos "janelas de oportunidades", que não podemos perder.

Tudo na vida tem o "momento exato". Por isso, não adianta querer ter um filho aos 10 anos de idade, ou aos 90. Existe uma "janela" de tempo que deve ser respeitada -- neste exemplo, bastante flexível. Mas será que você não está, neste momento, olhando demais para a vida e fazendo de menos? Será que não está demorando demais para pegar aquela oportunidade?

A maioria das situações na vida, é o resultado de mudanças graduais. As coisas começam a acontecer e quase não nos damos conta. Então, um dia, o que era gradual e quase invisível passa por uma linha imaginária e, de repente, a gente nota que algo aconteceu, algo mudou. Chegou o momento exato. A janela se abriu.

Esse momento exato é muito importante. Em qual momento exato aquela atração imperceptível explodiu e derrubou todas as barreiras, se transformando em uma paixão arrebatadora? Você se lembra da hora, do minuto? Lembra de que roupa a pessoa estava usando? Lembra dos olhos dela? Ou já faz tanto tempo que esse amor cresceu e tomou conta de tudo e diversos momentos parecem o momento exato? Por outro lado, o tempo pode ter desgastado o momento exato.

Em que momento exato você descobriu a paixão por uma carreira, um caminho na vida, algo que desse enorme prazer em trabalhar horas e mais horas, em um ritual que muitos classificariam de monótono, mas que você vê como a construção de sua própria catedral pessoal de existência, sua Missão aqui?

Em que momento exato você descobriu uma solução inesperada, elegante, exeqüível para as turbulências pelas quais você, sua família ou sua empresa passava?

O momento exato das coisas que passaram pode até estar esquecido nos porões da memória. Mas o momento exato das coisas que você passará hoje, deve capturar sua atenção.

Olhe para o dia de hoje como uma chance para Momentos Exatos.

Olhe para o dia de hoje como uma bifurcação na estrada e pergunte para aquela pessoa diante do espelho: qual dos caminhos parece ter mais chances de realizar mais minha vida, meu coração e será lembrado muitos anos, a partir de hoje, como um... momento exato? Não podemos adivinhar o futuro, mas essa pergunta ajuda a acabar com a "cegueira" no presente.

Tenha coragem de escolher o caminho certo, no momento exato. Porque perder a bifurcação certa, na estrada, pode fazer com que você se lembre deste dia como aquele em que você perdeu sua chance, transformando o momento exato... no momento errado! Talvez você enfrente situações constrangedoras -- nem todo mundo vai entender o seu momento exato. Mas, como diz Lair Sanches: "É melhor ficar vermelho uma vez, no momento certo, do que amarelo para o resto da vida." Cancelar o casamento é ficar vermelho? Trocar de emprego é ficar vermelho? Fazer algo ridículo é ficar vermelho? Trocar de curso universitário é ficar vermelho? Pense na alternativa: amarelo para o resto da vida.

Reflita alguns minutos sobre isso: será que você não está demorando d-e-m-a-i-s para pegar aquela oportunidade? Fazer aquela viagem? Abrir seu coração ao amor? Lançar sua carreira? Pegar aquele emprego? Será que você não está deixando o tempo passar? A janela da oportunidade vai se fechar, tenha certeza disso. E depois que for tarde demais, não adianta chorar.

Hoje é o dia. Hoje é o seu momento exato. Não deixe a janela se fechar. Aguarre este momento como se fosse o último... porque pode ser que seja mesmo. Por isso, faça seu mundo mudar.

Olhe para seu relógio. Que horas são? Este é o momento exato.

Convivência - a arte da felicidade ou da guerra?!?

"Aliás, quando o discurso não combina com as atitudes, penso que devemos tomar essas últimas como expressão da verdadeira natureza da pessoa." (Flávio Gikovate)



CONVIVÊNCIA - A ARTE DA FELICIDADE OU DA GUERRA ?!?
Rosana Braga

Creio que não haja exercício mais difícil nesta vida do que conviver com o outro. Aceitar as diferenças e administrar os conflitos, sem que isso se torne uma guerra trata-se, certamente, de uma charada sagrada.
Sim, porque sem a convivência nos tornamos como que sem propósito. Afinal, embora muitas vezes nos esqueçamos ou prefiramos ignorar esta verdade, o fato é que tudo o que fazemos e somos está a serviço de apenas um objetivo:
sermos reconhecidos e amados.

Porém, é também na convivência que reside nosso maior desafio, o mais humano e intrigante aprendizado, o mais intenso conflito a que nos submetemos durante toda nossa existência, do primeiro ao último suspiro!
É quando todos os nossos sentimentos - um a um - ficam aflorados, expostos, escancarados; algumas vezes de forma linda, mágica, encantadora... mas outras vezes, de forma ridiculamente mesquinha, pequena, assombrada...

Se considerarmos que passamos a maior parte de nosso tempo no ambiente de trabalho, haveremos de considerar que são as relações nutridas neste lugar que nos servem como práticas mais recorrentes.
Embora, geralmente, não estejam aí nossos encontros mais caros, é no trabalho que trocamos nosso comportamento por um valor determinado, previamente combinado, estejamos satisfeitos ou não com este montante.
Portanto, este pagamento nos induz, muitas vezes, a agir de modo comedido, engessado, como quem cumpre um script sem considerar os verdadeiros sentimentos.
Acontece que não fomos feitos para o fingimento e sim para a autenticidade, seja ela bonita ou não. Assim, mais cedo ou mais tarde, é quem realmente somos que fica em evidência e é a partir daí que encontramos bem-estar ou desespero, alegria ou angústia, prazer ou dor, conciliação ou tormento.

Justamente por isso que acredito piamente ser a gentileza nosso maior trunfo. Obviamente que não falo da gentileza protocolar, mas daquela genuína, capaz de promover a paz nos relacionamentos do cotidiano. Por isso, embora realmente seja difícil praticá-la em algumas ocasiões, penso que é urgente começarmos a ser gentis com aqueles que dividem conosco o ambiente de trabalho e com quem compartilhamos a mesma casa, o mesmo quarto e a mesma cama.
Por quê? Pra que? Até quando?
Bem... se ao menos tentarmos e nos abrirmos para sentir os benefícios que a gentileza pode trazer para nossas vidas, tanto do ponto de vista interno, quanto relacional, certamente faremos um esforço.

10 dicas para ser gentil na convivência

Tente se colocar no lugar do outro. Tente de verdade, com todo o seu ser. É eficiente demais esse exercício!
Aprenda a escutar. Esvazie seus ouvidos para absorver o que o outro está dizendo. Aí pode estar a solução que nem ele ainda foi capaz de enxergar.
Pratique a arte da paciência. Julgamentos e ações precipitadas tendem a causar desastres horrorosos.
Peça desculpas, especialmente se esta opção lhe parecer difícil demais. Isso pode definitivamente mudar a sua vida!
Procure ao menos três qualidades no outro e perceba que esse hábito pode promover verdadeiros milagres.
Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de modo diferente de você. As diferenças são verdadeiras preciosidades para todos.
Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.
Analise a situação. Deixe a decisão para o dia seguinte, se estiver de cabeça quente. Alcançar soluções pacíficas depende também do seu equilíbrio interno.
Faça justiça. Esforce-se não para ganhar, como se as eventuais desavenças fossem jogos ou guerras, mas para que você e as pessoas ao seu redor fiquem bem!
Seja gentil. A gentileza nos leva a resultados criativos e produtivos e ainda desvenda a charada da convivência: único meio de nos sentirmos verdadeiramente realizados!

Relacionamento perfeito

"O valor de alguém não é medido por eventos excepcionais de sua vida,
Mas pela sua conduta no dia a dia." (Blaise)


RELACIONAMENTO PERFEITO
Lya Luft
in “Pensar é transgredir”

O assunto pode ser dramático ou engraçado, tão humano e tão difícil de entender.
A mim, sempre buscando explicações e significados porque tão pouco entendo, me ocorre falar ou escrever exatamente sobre aquilo que menos sei. Trabalho interminável, espécie de suplício de Sísifo: o pobre todo dia empurrando montanha acima uma grande pedra que voltava a rolar pela encosta, a fim de que o torturado recomeçasse mais uma vez.
Querer alcançar o significado das coisas, da vida, das gentes, de seus relacionamentos e desencontros, é um pouco assim.
Seguidamente me indagam — ou tento imaginar — o que seria um relacionamento perfeito. Eu ia escrever "casamento", mas preferi a outra palavra, porque ela não tem nada a ver com cartório e burocracia, opressão ou coerção social e familiar: tem a ver com querer se ligar a alguém, e querer continuar ligado.
Cada dia, ao acordar, fazer de novo a escolha: eu quero mesmo é você comigo.
Mas "perfeito" é uma palavra tola: perfeição, só no céu de todas as utopias. Aqui, nesta nossa terra nada utópica, perfeição me pareceria um pouco entediante: como, nada a reclamar, tudo assim direitinho?
Olho pela janela e bocejo: muito sem graça, a tal perfeição. O céu com anjos tocando harpa pelo tempo sem tempo me deixava pasmada já na infância. Nada mais? Nem uma brincadeira proibida, um escorregão nas nuvens, uma risada na hora do sagrado silêncio... nem uma transgressãozinha na ordem celestial?
Minha alma indisciplinada não encontraria alimento nem estímulo, e ia-se desfazer em fiapo de nuvem embaixo de algum armário onde se guardassem os relâmpagos e os trovões, e todas as duras sentenças.
Então, relacionamento perfeito, nem pensar.
Mas uma ligação de cumplicidade e ternura, de sensualidade e mistério, ah, essa eu acho que pode existir. Como todos os contratos (não falo dos de papel mas de corpo, coração e mente), esse precisa ser renovado de vez em quando: a gente tira o contrato da gaveta da alma, e discute. Briga talvez, chora, reclama, mas ainda ama, ainda deseja. Ainda quer o abraço, o passo no corredor, o corpo na cama, o olhar atento por cima da xícara de café... quer até a desorganização e a ruptura, para depois de novo o que é bom se reconstruir.
Que seja vital: isso me parece uma boa parceria. Que seja dinâmica, seja lá o que isso significa em cada caso. Pelo menos, não acomodada; mas muito aconchegante.
Que seja sensual e amiga, essa ligação: se não gosto do outro como ser humano, com seus defeitos, sua generosidade e egoísmo, força e fragilidade, se não o quereria como amigo... como então, mesmo com tempero do desejo, posso me relacionar com ele para uma vida a dois?
O tema é quase infinito: pois cada caso é um caso, assim como cada casal é um casal, e cada fase da vida do indivíduo ou dos dois é diferente.
O bom é quando essa constante transformação se faz para maior cumplicidade, e não mais distanciamento.
Que um relacionamento não seja prisão; que não seja enfermaria nem muleta; mas que seja vida, crescimento (turbulências eventuais incluídas).
Que seja libertação e ajuda mútua; não fiscalização e condenação, a sentença pronunciada numa frase gélida ou num olhar acusador, ar de reprovação ou lamúria explícita.
Que seja cumplicidade, porque a vida já é difícil sem afetos. O som dos passos no corredor pode ser um conforto inacreditável, o corpo ao lado na cama uma âncora para a alma aflita. O entendimento recíproco é um oásis no isolamento desta nossa vida pressionada por tempo, dinheiro, regras, mil solicitações de família, trabalho, grupo social, realidade do mundo.
Que seja presença e companhia, o relacionamento bom: pois a solidão é um campo demasiado vasto para ser atravessado a sós.

Estamos com fome de amor

"Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser."
(Mário Quintana)


ESTAMOS COM FOME DE AMOR!!!!
Arnaldo Jabor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.
Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, demodê, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas
essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele.
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".


Antes idiota que infeliz!

Carta aos educadores

"Um grande professor tem pouca história para registrar.
Sua vida se prolonga em outras vidas.
Homens assim são pilares na estrutura de nossas escolas,
mais essenciais que seus tijolos ou vigas e
continuarão a ser centelhas e revelações em nossa vida."
[Transcrevi do filme "O clube do Imperador" ("The emperor´s club) com o Kevin Kline]


CARTA AOS EDUCADORES
Com base no livro Pais brilhantes, professores fascinantes, de Augusto Cury, ed. Sextante

O ilustre escritor brasileiro Augusto Cury enumera em seu livro intitulado Pais brilhantes, professores fascinantes, o que ele considera os sete pecados capitais dos educadores.

O primeiro deles é corrigir o educando publicamente.
Um educador jamais deveria expor o defeito de uma pessoa, por pior que ele seja, diante dos outros.
Um educador deve valorizar mais a pessoa que erra do que o erro da pessoa.

O segundo é expressar autoridade com agressividade.
Os educadores que impõem sua autoridade são aqueles que têm receio das suas próprias fragilidades.
Para que se tenha êxito na educação, é preciso considerar que o diálogo é uma ferramenta educacional insubstituível.

O terceiro é ser excessivamente crítico: obstruir a infância da criança.
Os fracos condenam, os fortes compreendem, os fracos julgam, os fortes perdoam.
Os fracos impõem suas idéias à força, os fortes as expõem com afeto e segurança.

O quarto é punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações.
A maturidade de uma pessoa é revelada pela forma inteligente com que ela corrige alguém. Jamais coloque limites sem dar explicações.
Para educar, use primeiro o silêncio e depois as idéias.
Elogie o educando antes de corrigi-lo ou criticá-lo.
Diga o quanto ele é importante, antes de apontar-lhe o defeito.
Ele acolherá melhor suas observações e o amará para sempre.

Quinto: ser impaciente e desistir de educar.
É preciso compreender que por trás de cada educando arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto.
Todos queremos educar jovens dóceis, mas são os que nos frustram
que testam nossa qualidade de educadores. São os filhos complicados que testam a grandeza do nosso amor.

O sexto, é não cumprir com a palavra.
As relações sociais são um contrato assinado no palco da vida.
Não o quebre.
Não dissimule suas reações.
Seja honesto com os educandos.
Cumpra o que prometer.
A confiança é um edifício difícil de ser construído, fácil de ser demolido e muito difícil de ser reconstruído.

Sétimo: destruir a esperança e os sonhos.
A maior falha que os educadores podem cometer é destruir a esperança e os sonhos dos jovens.
Sem esperança não há estradas, sem sonhos não há motivação para caminhar.
O mundo pode desabar sobre uma pessoa, ela pode ter perdido tudo na vida, mas, se tem esperança e sonhos, ela tem brilho nos olhos e alegria na alma.

Você que é pai, professor ou responsável pela educação de alguém, considere que há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem.
Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo.
Lembre-se que a educação é a única ferramenta capaz de transformar o mundo para melhor, e que essa ferramenta está nas suas mãos.
Do seu uso adequado depende o presente e dependerá o futuro.
O jovem é o presente e a criança é a esperança do porvir.
Pense nisso e faça valer a pena o seu título de educador.
Eduque.
Construa um mundo melhor.
Plante no solo dos corações infanto-juvenis as flores da esperança.

Oração a mim mesmo

"E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda,
buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e
um pouco de criatividade".
(Mario Quintana)


ORAÇÃO A MIM MESMO
Oswaldo Antônio Begiato

Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm
e não a inveja que, prepotentemente, penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática,
as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.
Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim
e comigo morrem por eu não os saber sonhos.
Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis;
aqueles que morrem e ressuscitam
a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras
pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental
(aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância que se mostra nas pequenas manifestações da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos
fazendo-me parte suprema da natureza,
criando-me e recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão, que em vão não sejam minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos, mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!
Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um homem sereno dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos,
humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezas e o quanto é valiosa minha pequenez).
Que eu me permita ser mãe, ser pai, e, se for preciso, ser órfão.
Permita-me eu ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei,
traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências;
respeitar incondicionalmente o ser;
o ser por si só, por mais nada que possa ter além de sua essência,
auxiliar a solidão de quem chegou,
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.
Que eu jamais fique só,
mesmo quando eu me queira só.
Amém!

Aproveite o momento...

Soundtrack: Renato Russo - Mais uma vez


"Ser derrubado é freqüentemente uma condição temporária.
Desistir é o que a torna permanente."
(Marilyn vos Savant)


APROVEITE O MOMENTO
Tradução SergioBarros
Desconheço o autor
Fonte para reflexão

Eu tenho uma amiga que vive baseada em uma filosofia de três palavras: Aproveite o momento.

Exatamente por isso, ela me parece ser a mulher mais sábia neste planeta.
Muitas pessoas adiam algo que lhes traz alegria só porque não pensaram sobre isto, ou não tem vaga em sua agenda, ou não sabem o que vem pela frente ou são muito rígidas para sair da rotina.

Outro dia eu estava pensando sobre todas aquelas mulheres no Titanic, que privaram-se da sobremesa no jantar naquela noite fatal num esforço para manter a silhueta. Parece meio besta, mas pense bem. Daí em diante eu tentei ser um pouco mais flexível.

Quantas mulheres por aí comerão em casa porque quando seu marido convidou para jantar já tinha algo descongelado? Quantas vezes você tinha suas crianças prontas para brincar e conversar e você ficou em silêncio assistindo aquele programa na televisão?

Foram inúmeras as vezes em que eu liguei para minha irmã e disse,
"- Que tal irmos almoçar daqui a meia hora?"
Ela ofegava e gaguejava um:
"- Eu não posso."
Sempre completado com um:
"- Preciso lavar a cabeça."
"- Você devia ter me avisado ontem."
"- Eu tomei o café da manhã muito tarde."
"- Parece que vai chover."
E o meu favorito:
"- Hoje é segunda-feira."

Ela morreu alguns anos atrás. E nós nunca almoçamos juntas.

Parece que nós programamos até o horário da dor de cabeça. Nós vivemos com uma lista de promessas que fazemos para nós mesmos para quando as condições forem perfeitas: Visitarei meus avós... quando conseguirmos reformar o banheiro; Faremos uma festa... quando substituirmos o tapete; Sairemos em uma segunda lua de mel... quando as crianças se formarem.

A vida tem um jeito mais acelerado quando vamos ficando mais velhos. Os dias ficam menores e a lista de promessas para nós mesmos vai ficando cada vez mais longa. Uma manhã a gente acorda e tudo o que temos para mostrar de nossas vidas é uma ladainha de "estou indo", "estou planejando" e "algum dia, quando as coisas estiverem ajeitadas".

Quando alguém convida minha amiga "aproveite o momento", ela está sempre aberta à aventuras e disponível para viagens. Ela mantém a mente aberta para novas idéias. Seu entusiasmo pela vida é contagioso.

Meus lábios não tocavam em um sorvete há 10 anos. E eu adoro sorvete. Noutro dia, eu parei o carro e comprei um cascão triplo. Se meu carro batesse em um iceberg a caminho casa, eu teria morrido feliz.

Agora, vá em frente e tenha um bom dia.
Faça algo que você QUER fazer e não apenas algo que DEVIA ESTAR NA LISTA.

Amigos e irmãos

"Amo-te, não só pelo que és,
mas também por aquilo que eu sou quando estou contigo.
Amo-te, não só pelo que fizeste de ti,
mas também por aquilo que tens feito por mim.
Amo-te, porque fizeste mais para me tornares bom do que qualquer credo,
porque fizeste mais para me tornares feliz do que qualquer destino.
E fizeste tudo isso sem me tocares, sem uma palavra, sem um sinal.
Fizeste tudo isso só por seres tu próprio.
Afinal, talvez seja isso o que significa ser amigo." (Roy Croft)


AMIGOS E IRMÃOS
Maine Virgínia Carvalho

Outro dia lendo Clarice Pinkola Estés encontrei uma forma muito lúcida e coerente de classificar laços que unem certas pessoas.
Ela explica que temos uma família sangüínea e uma família psíquica. A sangüínea nos é dada. A psíquica obtemos através dos encontros naturais, por identificação. E ambas carregam muita força em seus laços. Bem, eu tenho as duas.
E ambas são muito fortes. Tenho muitos irmãos. Sete sangüíneos. Doze ou treze psíquicos. Estes eu fui ganhando ao longo da vida, nas esquinas, nos esbarrões casuais. Um a um eles foram chegando e fazendo parte do meu mundo.
Mal eu me dava conta e eles estavam lá e eram parte do meu dia-a-dia, de minhas preocupações, de minhas preces. É uma relação de amor. Baseada em amor e espontânea, natural e forte. Outro dia eu perguntei a uma amiga se sua analista já me "conhecia", se eu já tinha estado em suas sessões e ela me respondeu sorrindo: "não tem como não conhecer, não é? É natural." É sim. É natural.

Ela não mora na mesma cidade que eu. Boa parte de meus amigos-irmãos moram distantes. Não nos vemos todos os dias, às vezes passamos muito tempo sem podermos nos encontrar, mas não faz diferença. Burlamos as leis e os códigos e reduzimos as fronteiras. Estamos juntos, ligados. Nas viagens e em cada paisagem, nos brindes que erguemos, no analista, no supermercado. Nos momentos de tristeza e de alegria. Todos lá, alternando conforme a identificação particular. Cada um têm seu espaço e todos a mesma dimensão. Há que diga que isso é bobagem ou sentimentalismo piegas. Paciência. Eu lamento por todas as pessoas que não conseguem encontrar semelhantes, amigos, irmãos psíquicos, ou como se queira denominar.

Mas entendo. Não é fácil isso. Às vezes estamos tão ocupados em ordenar o centro do nosso umbigo que temos a ilusão - tola, banal - de que devemos fidelidade e amor apenas àqueles com quem temos laços sangüíneos. José Luís Borges afirma a amizade é o sentimento mais nobre que existe. Paulo Sant'Ana complementa e diz que poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os seus amores, mas enlouqueceria se morressem os seus amigos.

Eu concordo. Chamo meus amigos de irmãos. É o que eles são. Cada um tem uma história especial de encontro comigo,
cada um chegou em meu mundo de uma forma distinta e sem aviso prévio. Mas vieram para ficar. Alguns talvez nem façam idéia do quão concretos são em meu cotidiano. Penso neles. Oro por eles, por suas vidas, pelo seu bem estar.
Me alegro e me entristeço neles. E, de vez em quando, sinto uma necessidade visceral de lembrá-los o quão amados são. Sim, porque em certos dias cinzentos, nebulosos e frios, faz uma enorme diferença ter lenha para aquecer o coração. E nunca é demais uma lembrança de que se é amado. Não espero nunca respostas. Mas elas sempre vêm.
Amor em dobro. Embrulhado para presente. E percebo - com um prazer indescritível - o quanto eu também perambulo,
livre e constante, por seus mundos. E isso me esquenta a alma. E prossigo, mais feliz, por tê-los.

A crônica hoje é deles. Eles sabem o que as palavras significam para mim e doá-las é o minha expressão máxima. Escrevo melhor que falo, e sinto melhor que escrevo. Eles sabem disso.

Comprometa-se

"Não chegamos a mudar as coisas conforme o nosso desejo,
mas aos poucos o nosso desejo muda". (Marcel Proust)


COMPROMETA-SE
David Simon
in "Comprometa-se: Transforme suas intenções em decisões"

Quanto mais você aceitar tanto seu lado bom quanto o ruim, tanto menos crítico será para com as pessoas que o cercam.
Se estivermos dispostos a agir de forma honesta, cada relacionamento pode tornar-se um espelho.
Quando reagimos com irritação desproporcional ao comportamento de outra pessoa, isso normalmente acontece porque tal atitude espelha algo que não queremos perceber em nós mesmos. Ao identificar e aceitar as múltiplas facetas de sua natureza, você estará se capacitando a aceitar com maior facilidade as pessoas e, portanto, a viver mais em paz consigo e com as pessoas que importam em sua vida.

Sob uma perspectiva espiritual, a meta do amor consiste em enxergar você no outro e o outro em você. Este estado de consciência unificadora é a expressão da divindade na humanidade.

Ao se sentir confortável dentro de si, seu contentamento interior ajuda naturalmente aqueles que estão ao seu redor a se sentirem mais confortáveis.
Um coração repleto de compaixão transmite a mensagem: "Reconheço você... Conheço você... Aceito você." Você pode assumir um risco, indo além de seus limites normais, mas isso significa mover-se para fora de sua zona de segurança... vale a pena.
Abraçar o desconhecido nos oferece nossa maior oportunidade de crescimento pessoal, enquanto desperta nossos maiores temores.

Quando você se apaixona torna-se uma pessoa diferente... existem vários tipos de relacionamentos apaixonantes...
O amor expande nosso sentido de nós mesmos, algo que, uma vez expandido, jamais retorna a seu tamanho original. Uma vida desfrutada em amor é a única vida que vale a pena.
Como citado em Coríntios, sem amor, o conhecimento e a caridade são vazios.
Entre a fé, a esperança e o amor, o amor é o maior.
Comprometa-se a amar sob todas as suas expressões. Mesmo depois de tanto tempo, o sol nunca diz para a terra, "você me deve".
Veja o que acontece com um amor como este, Ele ilumina o céu inteiro.

Libertar-se de hábitos exige atenção focada e força de vontade. Os hábitos preenchem necessidades.
Para abandonar um comportamento indesejável, você deve substituí-lo por um que o gratifique.
À medida que você trouxer para o seu cotidiano influências que apóiem seu bem estar emocional e físico, o alívio temporário que seu antigo hábito lhe oferecia será substituído por conforto e harmonia duradouros.

Procure relacionamentos e comunidades que reforcem seu compromisso de adotar escolhas que promovam a vida.

Somos a soma das escolhas que fizemos.

Lembre-se a cada momento: todo mundo faz seu melhor, com base em seu atual estado de consciência.

Das amebas unicelulares aos seres humanos com trilhões de células, a dança da vida inclui a alternância entre pausa e o movimento.

A vitalidade e o entusiasmo são frutos de uma vida em harmonia com os ritmos da natureza.

Pare de sofrer inutilmente

"Lute, mesmo sabendo que por vezes a luta não trará o resultado esperado. O treino para lutar, porém, gerará força para a próxima vitória."
(Roberto Shinyashiki)


PARE DE SOFRER INUTILMENTE
Roberto Shinyashiki
Do livro "Os donos do futuro"

O sinal de alerta da mudança toca sempre que substituímos a alegria de viver pela preocupação. E a fluidez pela tensão. Nesses momentos, você tem de tirar o barco do porto e coloca-lo no mar, rumo a um novo mundo.

Cada um de nós tem uma área da vida que necessita ser cuidada com mais atenção. Se alguma parte de sua vida anda aborrecida e sem sal, é sinal de que precisa ser mais bem cuidada. Afinal de contas, é sua felicidade que está em jogo.

É claro que ninguém pode comprar a alegria de viver na padaria da esquina. Temos de aprender a conquistá-la. As lições estão dentro de nós. Precisamos ser professores e alunos de nós mesmos. Observe o que a insatisfação deseja lhe mostrar e vá atrás de sua felicidade.

Na Índia, os mestres dizem que a diferença entre alguém que está com câncer e alguém com dor de cabeça depende da intensidade da aula de que a pessoa está precisando.
Na vida, quanto mais teimoso for o aluno, mais as aulas serão dolorosas.
Quanto menos o aluno aprender, mais a vida vai bater pesado para que acorde e aprenda.

A escola da vida funciona assim. Se a pessoa está insatisfeita e fica em casa reclamando da sina em vez de tentar mudá-la, vai se tornar cada vez mais angustiada, arrumar uma úlcera ou uma depressão. Ela tem a ilusão de se acostumar com a dor, mais o pior é que a dor não pára de aumentar. A alegria de viver fica tão inacessível quanto o pico do Everest.

Negar uma necessidade nunca foi boa solução.
O problema vai continuar até a pessoa se convencer de que precisa sair daquela situação e começar algo novo.
Essa é a lição que está fazendo falta.
Quanto nos recusamos a aprendê-la, o problema se agrava.