Cardápio da alma

"Quando você olhar à sua volta e achar que o mundo se perde em confusão, que os homens se agridem e se destroem em angústias, olhe para dentro de você; lembre-se que sua vida não está lá fora, não depende do que você ouve, mas do que está na sua consciência. O mundo dos outros não é o seu mundo, a menos que você contribua para a degradação e confusão externas e comuns a muitos setores.
Quando olhar à sua volta e só enxergar problemas, busque sua verdade interior, trabalhe os valores que já construiu e a sua sintonia com Deus. Expresse o melhor de você, pois o mundo é o resultado do que irradiamos e manifestamos, do nosso esforço ou nossa preguiça, nossa nobreza ou nosso desajuste.
Quando a descrença povoar seu coração e você vacilar, sofrer e chorar, é porque sua hora de renascer internamente chegou e pressiona você para não mais adiar sua busca de Deus.
Pare então de olhar só para fora e de se impressionar com a propaganda, com que os outros dizem sobre atualização, libertação ou modismos. Olhe demoradamente sua consciência, sua harmonia interna; indague-se, faça silêncio para que a verdade brote natural. Há um ponto de luz em seu interior que pode desfazer todas as sombras e dúvidas. Busque o fluir da luz.
Que importa se muitos se enquadraram num sistema egoísta e amargo ? Comece você a iluminar, a modificar, a permitir que a paz flua através de você. Deixe que a fonte divina jorre sobre tudo. Comece agora. O esforço próprio é a mola do verdadeiro crescimento humano, é nele que está o germe da vitória.
Não creia nunca no sucesso fácil, na vitória sem luta. Cada um se constrói ou se destrói, se arma, se fortalece e se conquista, ou deixa passar sua hora de crescer e de aperfeiçoar-se. A mente nos oferece mil opções, escolha o esforço correto para as conquistas definitivas.
Ninguém pode fazer por nós o caminho. Trabalho, desinteresse pelo supérfluo e concentração no definitivo eterno são as armas e as portas da libertação. A cada hora você é chamado, é desafiado para se definir, para aprender nova lição, para expandir a consciência da conquista da paz e do amor a Deus e ao próximo."
(Anônimo)


CARDÁPIO DA ALMA
Martha Medeiros

Arroz, feijão, bife, ovo. Isso nós temos no prato, é a fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar. Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Mas como anda a dieta da alma?

Outro dia, no meio da tarde, senti uma fome me revirando por dentro. Uma fome que me deixou melancólica. Me dei conta de que estava indo pouco ao cinema, conversando pouco com as pessoas, e senti uma abstinência de viajar que me deixou até meio tonta. Minha geladeira, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Você já se sentiu assim também, precisando se alimentar?

Revista, jornal, internet, isso tudo nos informa, nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça. Perseguir.

Se não há silêncio a sua volta, cace o silêncio onde ele se esconde, pegue uma estradinha de terra batida, visite um sítio, uma cachoeira, ou vá para a beira da praia, o litoral é bonito nesta época, tem uma luz diferente, o mar parece maior, há menos gente.

Cace o afeto, procure quem você gosta de verdade, tire férias de rancores e mágoas, abrace forte, sorria, permita que lhe cacem também.

Cace a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, vá ao encontro de tudo que não tem regras, patrulha, horários. Cace o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, vá atrás do que é surpreendente, o que se expande na sua frente, o que lhe provoca prazer de olhar, sentir, sorver. Entre numa galeria de arte. Vá assistir a um filme de um diretor que não conhece. Olhe para sua cidade com olhos de estrangeiro, como se você fosse um turista. Abra portas. E páginas.

Arroz, feijão, bife, ovo. Isso me mantém de pé, mas não acaba com meu cansaço diante de uma vida que, se eu me descuido, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Mas nada de descuido. Vou me entupir de calorias na alma. Há fartas sugestões no cardápio. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes a gente esquece de se alimentar direito.
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