Não ´q 'o que' se fala, mas 'como' se fala

"Quanto mais endurecido e inflexível, mais fácil de se quebrar diante de fortes impactos. Esta teoria – fisicamente constatável – não vale apenas para os objetos, mas, sobretudo e cada dia mais, para o comportamento humano.
Num mundo onde os produtos são perecíveis e os desejos são fugazes, a flexibilidade destaca-se como meio de sobrevivência. É a chave para a resiliência e também mote para o sucesso, tanto na vida pessoal quanto na profissional.
Fácil assimilar quando entendemos que não dá para crescer na rigidez. O crescimento, por si só, é maleável, moldável e adaptável às novas medidas e aos novos formatos. Sendo assim, inteligente é quem aprende a metamorfosear." (Rosaga Braga)



NÃO É 'O QUE' SE FALA, MAS 'COMO' SE FALA
Rosana Braga
www.rosanabraga.com.br

Não foram poucas as vezes em que presenciei conversas entre duas ou mais pessoas onde tudo o que bastaria para um ‘final feliz’ seria um outro modo de se dizer as coisas... Inclusive comigo mesma, que sou uma auditiva assumida (todos nós temos uma predominância entre ser mais ‘auditivo’, mais ‘cinestésico’ ou mais ‘visual’), sei que diferentes sentimentos e percepções podem aflorar em mim dependendo da forma como cada verdade me é dita e, claro (!), com que maturidade eu me disponho a interpretá-las!

Quanto às verdades – penso que devemos, antes, ponderar sobre duas questões. A primeira é o quanto estamos, em cada fase do nosso amadurecimento, preparados para ouvi-las – e isso significa que algumas vezes é melhor não desejar obter uma informação com o qual não saberíamos o que fazer. E a segunda é que precisamos aprender a usar as verdades para crescer e nos tornar mais confiáveis ao outro e não para arquitetar acusações deliberadas e inúteis.

Portanto, em vez de distorcer as palavras ou economizar os sentimentos, o que serviria apenas para aumentar o número de relações rasas e inconsistentes e colaborar para aprofundar os buracos internos das pessoas que passam pelas nossas vidas, creio que esteja na hora de aprendermos a usufruir melhor da comunicação.

Note: quando duas pessoas estão em sintonia, desejando a conciliação e interessadas em realmente se entender, geralmente falam baixo, próximas uma da outra; porque, afinal, o objetivo é ficar bem. Entretanto, quando não estão em sintonia, alteram o tom, aumentam o volume e perdem a noção do que estão dizendo. E pior do que isso: o que uma diz é, muito recorrentemente, interpretado equivocadamente pela outra.

Suponho que mais produtivo do que nos escondermos atrás de omissões ou vender uma imagem que não corresponde com a nossa essência, seria apostar mais no acolhimento das diferenças, na percepção dos limites e na coerência entre o que se diz, o que se sente e o que se faz – tanto em relação a nós mesmos quanto em relação ao outro.

Por fim, quando a gente fala com o intuito de resolver e crescer, termina descobrindo que palavras podem ser apenas palavras, especialmente quando não são coerentes com as atitudes e escolhas, sempre carregadas de desejos, sentimentos, intenções e verdades. Por fim, a idéia é que haja uma troca entre dois corações... para que todo o resto possa fazer sentido e valer a pena!
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