A filosofia tolteca

Soundtrack: Enya - Amarantine


"As verdades de Deus estão espalhadas pelo Cosmos. Ninguém poderá dizer que desconhecia as Leis Divinas e é chegado o tempo de não nos fazermos cobranças buscando nossos direitos à felicidade, paz e saúde ético-moral. Direitos estes que Deus nos dá, mas que espera que tenhamos a maturidade de buscá-los."
(Raul J. Teixeira, CD – Palestra – “Os Acordos da Vida”. 29/09/2003)


A FILOSOFIA TOLTECA
Bibliografia: Ruiz, Don Miguel. Os quatro Compromissos. 7ª ed. Ed. Best Seller.

“Milhares de anos atrás, os toltecas eram conhecidos no sul do México como 'homens e mulheres de sabedoria'. Antropólogos falam dos toltecas como uma nação ou raça, mas, na verdade, os toltecas eram cientistas e artistas que formavam uma sociedade para explorar e conservar a sabedoria espiritual e as práticas dos antigos. Encontraram-se como mestres (nagual) e estudantes em Teotihuacan, a cidade antiga das pirâmides próxima à Cidade do México conhecida como o lugar onde o 'Homem se Torna Deus'.

Ao longo dos milênios, os nagual foram forçados a esconder a sabedoria ancestral e a manter sua existência na obscuridade. A conquista européia, combinada com o mau uso do poder pessoal por alguns poucos aprendizes, tornou necessário ocultar o conhecimento dos que não estavam preparados para usá-lo com sabedoria, ou que pretendiam usá-lo apenas para ganhos pessoais.

Felizmente, a sabedoria esotérica tolteca estava incorporada e foi transmitida através de gerações de diferentes linhagens de nagual. Embora tenham permanecido envoltas em segredo por centenas de anos, as antigas profecias prediziam a vinda de uma era em que seria necessário retornar a sabedoria ao povo.”

Em 1995, Don Miguel Ruiz, um nagual, na obra “Os Quatro Compromissos – O Livro da Filosofia Tolteca”, compartilha os ensinamentos poderosos dos toltecas.

“A sabedoria dos toltecas se ergue da mesma unidade essencial de verdade de todas as tradições esotéricas ao redor do mundo. Embora não seja uma religião, honra todos os mestres espirituais que já ensinaram aqui na Terra. Por envolver o espírito, é descrita com maior precisão como forma de vida, caracterizada pela pronta acessibilidade da felicidade e do amor”.

Os acordos sugeridos como verdadeiros compromissos íntimos são os seguintes:
Seja impecável com sua palavra
O primeiro acordo é considerado o mais importante e também o mais difícil de cumprir. Parece simples, mas é extremamente poderoso. A palavra é o poder que temos de criar. A palavra é o dom que vem diretamente de Deus.
A palavra não é apenas um som ou um símbolo escrito. A palavra é força; é o poder que possuímos de expressão e comunicação, de pensar e de criar os eventos da nossa vida.
A palavra seria a mais poderosa ferramenta que possuímos como seres humanos. Porém, como uma espada de dois gumes, a palavra pode criar o sonho mais belo ou destruir tudo ao nosso redor. Não sabemos falar, é a conclusão a que chegamos diante da proposta acima. Não porque não saibamos expressar corretamente as palavras. Não se trata de correção. Mas, muito mais que isso. Da energia, boa ou má, que imprimimos no nosso falar. Assim, uma pessoa simples, sem formação escolar, mas, extremamente pura e humilde pode falar de forma inatacável. Uma outra pessoa, letrada e que se expressa muito bem, porém, maledicente, invejosa, vingativa; nesse caso, estaria falando de forma deficiente. Conforme Jesus disse “a boca fala daquilo que está cheio o coração”. Exercitar-se no primeiro acordo constitui-se num importante indicativo de nosso estado espiritual. Vigiar nossas conversas para que possamos marcá-las de forma consciente com a pureza de nossos sentimentos.
Os três compromissos seguintes na verdade se originam do primeiro.
Não leve nada para o lado pessoal
O que quer que aconteça com você, não tome como pessoal. Nos mais diversos círculos de nosso relacionamento, a todo instante estamos interagindo. Entretanto, nem sempre sabendo separar correções de caráter profissional das críticas à nossa maneira de ser. Há aí uma grande diferença. Difícil não recebermos uma orientação de nossos pais como “cobrança exagerada” e alimentarmos a partir dali uma certa insatisfação ou queixa. Ainda assim, mesmo quando ocorra a crítica depreciativa, a ofensa, ou a maledicência a nosso respeito não a tomemos pra nós. Aquela carga negativa que possa estar a nós direcionada, não nos pertence. Porque recolhê-la como se fosse nossa? Porque acolher, no nosso íntimo, fatores de perturbação? Considerando que não devemos tomar nada pessoalmente, elogios e reconhecimentos de terceiros também não deverão repercutir em nós. Se realizamos algo digno de reconhecimento é porque o fizemos de forma espontânea, sem esperar elogios, por isso não há o que acolher. Ainda aqui, a emissão de uma opinião ou de uma vibração parte de alguém para conosco. Não é o que chega de fora que nos aturde ou felicita. É pelo que emitimos, pelo que geramos que seremos responsáveis. Nos ensina Jesus que não é o que nos entra... o que nos chega que nos faz mal, mas o que sai de nós é o que nos compromete. Deixemos a quem quer que seja a responsabilidade por suas vibrações, positivas ou negativas. Agindo assim, nos sentiremos mais livres.
Não julgue pelo que vê, sente, ouve...
“Nós temos a tendência para tirar conclusões sobre tudo. Presumir. O problema com as conclusões é que acreditamos que elas são verdadeiras. Poderíamos jurar que são reais. Tiramos conclusões sobre o que os outros estão fazendo e pensando – levamos para o lado pessoal -, então os culpamos e reagimos enviando veneno emocional, com nossa palavra. Por isso, sempre que fazemos presunções, estamos pedindo problemas. Tiramos uma conclusão, entendemos um grande drama do nada”.
Muitas tristezas e dramas que passamos foram causados por tirar conclusões e levar as coisas para o lado pessoal. Criamos muito veneno emocional apenas tirando conclusões e fazendo isso de forma pessoal, porque geralmente começamos a fofocar sobre nossas suposições.
Presumimos que nossos familiares sabem o que pensamos e que não temos necessidade de expressar nossos desejos. Presumimos que eles irão fazer o que queremos porque nos conhecem muito bem. Se não fizerem o que presumimos que fariam, nos sentimos magoados e dizemos: “Você devia saber”. Ficamos com medo de pedir esclarecimentos, tiramos conclusões e acreditamos estar certos sobre essas conclusões; depois defendemos nossas conclusões e tentamos tornar a outra pessoa errada. Sempre é melhor fazer perguntas do que tirar conclusões, porque as suposições nos predispõem ao sofrimento.
Sempre dê o melhor de si
Esse compromisso permite que os outros três se tornem hábitos profundamente enraizados. Refere-se à ação dos outros três. Sob qualquer circunstância, sempre faça o melhor possível, nem mais nem menos. Porém, tenha em mente que o seu “melhor” nunca será o mesmo de um instante para outro. Tudo está vivo e mudando o tempo todo; portanto, fazer o melhor algumas vezes pode produzir alta qualidade e outras vezes não vai ser tão bom. Quando acordamos, descansados e energizados, de manhã, o nosso “melhor” tem mais qualidade do que quando estamos cansados, à noite. Nosso “melhor” vai depender de estarmos nos sentindo maravilhosamente felizes ou aborrecidos, zangados ou ciumentos. Muito comum é fazermos várias coisas ao mesmo tempo. Querendo muito realizar diversas tarefas, nós as abraçamos, porém com pouca qualidade, sem consciência do que estávamos fazendo. Como num belo ditado: “quem muito abraça, pouco aperta”. Por isso os toltecas sugerem fazer o melhor que pudermos no tempo que pudermos. Simplesmente, dê o melhor de si – em qualquer circunstância da sua vida. Não importa se você está doente ou cansado, se der sempre o melhor de si, não haverá forma de julgar a si mesmo. E se não julga a si mesmo, não há forma de ficar sujeito à culpa, ao arrependimento e à autopunição.

Os Quatro compromissos são um sumário do domínio da arte da transformação íntima que cada criatura deve buscar.

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